Humanidade ou Uma Unidade
Fritjof Capra, australiano nascido na América do Norte, físico e teórico de
sistemas, autor do célebre “Ponto de Mutação” e a “Alma de Leonardo da Vinci - um
gênio em busca do segredo da vida”, dentre outros, passou anos compilando e
traduzindo anotações do caderno deste indescritível artista, dedicando o
primeiro capítulo, deste último para “Os Movimentos da Água”:
“Um dos princípios fundamentais da Ciência de Leonardo é a similaridade de padrões
e processos de macrocosmos e microcosmos. Por isso comparou as 'veias das águas' da Terra com os vasos de sangue do corpo humano. Assim como o sangue nutre os
tecidos do corpo, a água alimenta a vegetação da Terra com a sua 'umidade vivificante' "
Ailton Krenak, primeiro indígena eleito à Academia Brasileira de Letras ensina
que as águas que correm do rio para o mar não podem ser consideradas um mero
recurso, mas uma verdadeira entidade. Um elemento essencial aos seres vivos
que demanda entre nós uma constante conexão e diálogo. Em “Conversa com Bial” (19/04/2022),
desabafa:
“Quando se institui o corte do humano com a natureza, tudo vale. A ideia de
recurso, a ideia de patrimônio. Todas essas ideias que tem a ver do humano
administrar o mundo, que é uma pretensão escandalosa, porque os humanos não administram
mundo nenhum. Isso é uma grande ilusão.”
Krenak traz a reflexão de Da Vinci sob o prisma da similaridade, o macrocosmo está no microcosmo, assim como micro está no macro. Nesta tendência ao Iluminismo e à Cosmologia, espaços ecologicamente corretos difundem uma
nova alternativa de rota para o repouso e conforto no seio da Mãe Natureza, como o Jardim Ecológico Uaná Etê, no Rio de Janeiro, que é uma forte referência,
assim como o jovem Parque Cultural Florata, em Goiânia. Trilhas abraçadas pela vegetação nativa e que vão de encontro a obras de artes interativas,
esculturas, instalações musicais, vistas panorâmicas e um espaço de contemplação
e pausa. “Luz para os povos” ganha seu sentido real em meio ao céu aberto,
assim como o sentido da palavra uaná etê, que para os povos das florestas significa
multidão de vaga-lumes, ou seja, iluminação. Uma das atrações do Jardim é Árvore
das Infinitas Possibilidades, que acabou se transformando numa espécie de
entidade, onde os visitantes fazem pedidos debaixo de seus frondosos galhos e
amarram fitas de cetim coloridas, o que me pareceu ser mais coerente que
colocar cadeados em grades de ferro sobre pontes de rios poluídos ou fitinhas
com nome de santos em parapeitos de igrejas turísticas. Desde 2006, o Instituto Inhotim, em Minas
Gerais inspira e é referência mundial desta retomada ao credo à Natureza, à Arte
e à Ciência. Uma história cíclica inundada de conhecimento que ao longo dos
tempos vem dando sinais de que a Humanidade é Uma Unidade.
Abrace essa causa iluminada e venha conhecer também o Jardim Potrich - infinitas possibilidades que realizará entre os dias 23 e 24 de novembro das 17h as 22h a mostra CASADiM - casa moda jardim, com exposição fotográfica, kokedamas, design em madeira legal, velas aromáticas, cerâmica, música, drinks e degustação da bebida genuinamente brasileira, a Cachaça Capueira. Uma nova possibilidade de conexão, pausa, repouso, entretenimento e unidade!
Imagens do Parque Florata, em Goiânia. Na sequência: copa de uma árvore frondosa, trilhas entre a vegetação e obra interativa da artista Fernanda Coelho.