terça-feira, 27 de outubro de 2015

O prazer do movimento na arte brasileira


Me propus o desafio de fazer um ensaio bem resumido, sem qualquer pretensão, mas com alguma emoção, acerca da surpreendente história da arte brasileira baseado nas minhas experiências, estudos e pesquisas de campo.O sociólogo pernambucano, Gilberto Freyre trouxe uma interessante passagem do historiador suíço, Siegrief Giedion, no seu livro Casa-Grande e Senzala (1933), em nota de rodapé, sobre o processo de mecanização da rede indígena ou cama brasileira (Brazil bed) e a mecanização baseada em mobilidade:"Desse processo se aproxima (segundo o suíço), a arte do escultor norte-americano, Alexander Calder (1898-1976), na qual a obsessão do artista pela solução dos problemas de movimento teria encontrado a sua primeira expressão artística. A rede, entretanto, pode ser considerada manifestação já artística do gosto do repouso combinado com o prazer do movimento, que se comunicou dos indígenas da América aos primeiros conquistadores europeus do Continente, entre os quais Cristovam Colombo, em 1492."Os indígenas, intuitivamente, já compreendiam bem desde a fenomenologia do filósofo francês Merleau-Ponty às teorias estéticas publicadas no De Stijl, pelo artista neerlandês Theo van Doesburg, apenas em observar o meio ambiente. Do artesanato à arte erudita o salto equivalente se deu através da elaboração de fabulosos cocares, minuciosas tecelagens e trançados em palha, sofisticadas pinturas corporais e as formas orgânicas em artefatos domésticos e utensílios para caça e pesca perfeitamente confeccionados para o uso diário.O esmero do trabalho artístico indígena traduzia uma celebração à vida, aos deuses e principalmente à natureza.  Acredito que a arte brasileira nasceu deste contato puro e ingênuo com a terra, com o movimento das águas e a biodiversidade. Foi a inexata geometria indígena que inspirou nossos primeiros artistas, nossos mestiços, antropófagos, grupos revolucionários ou de ruptura, à frente de seu tempo, neoconcretos, verdadeiros vanguardistas. Depois da Revolução Industrial, do Futurismo, do Suprematismo, do Abstracionismo e demais "ismos" que vieram do outro lado do oceano, ascenderam se as faíscas para uma retomada às referências genuinamente brasileiras.A Semana de Arte Moderna (1922), como efeméride da Independência da República, teve sua grande parcela de responsabilidade quanto à ânsia de nos alimentarmos das culturas alheias, no entanto foi o Movimento Neoconcreto (1959) quem abraçou a pureza das formas e cores se aproximando mais ainda das nossas origens, dos efeitos geométricos em constante transição, da graça e mistério na interação com as obras, do prazer combinado com o movimento.O Neoconcretismo catalisou os efeitos seguintes da arte brasileira se desdobrando em ideais de interatividade como em obras da Nova Objetividade na década de 60, transmitindo posteriormente estes mesmos ideais para obras conceituais da década 70, assim como a poesia concreta da década de 80, em movimentos urbanos, que democratizam e interagem com a cena da cidade como o grafite, se expandindo na fotografia, artes cinéticas, robóticas e ainda invadindo a linha tênue entre arte e design em projetos de iluminação, gráfico e moda.O prazer do movimento associado à participação ativa ou passiva sempre fez parte da nossa cultura, ele apenas descobriu outros meios de se manifestar artisticamente ao longo dos séculos!Crédito para imagem: Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, Cosmococa 5 Hendrix War, 1973, projetores, slides, redes, trilha sonora (Jimi Hendrix) e equipamento de áudio, dimensões variáveis. Blog Instituto Inhotim

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Pingente Cúbico


Pingente de cubos de prata em caixa de acrílico

Cubos


Brincos em cubos de prata

Estruturas Cúbicas


Pingente em cubos de prata