O Underground e 3 Gerações Goianas
Texto para a Revista Di Casa n. 19, que saiu pela metade.
Posto aqui o texto inteiro e imagem da fase ''Black'', de Gustavo Rizério.
A nova geração ganha espaço com a mais atual expressão artística (por alguns intitulados de nova arte contemporânea), o grafite. Precocemente inserido no ofício, ou ‘vício sem fim’, o grafite entrou na vida de WÉS aos 7 anos de idade. Hoje, aos 24 anos, é detentor de uma criatividade sem limites. Há mais de um ano morando na cidade de Alto Paraíso/GO, WÉS iniciou sua carreira sem saber ao certo onde iria parar. Elaborou projetos para grandes empresas locais e multinacionais, participou da Mostra Morar Mais, em 2008, Casa Cor, em 2009 e esteve presente na mostra dos Irmãos Campana, com duas obras em grande dimensão, na AZ da Decoração, em 2010. Também participou de projetos culturais de intervenção urbana através de Leis de Incentivo, concursos internacionais de grafite e por duas vezes executou a fachada da Potrich Galeria de Arte Contemporânea, em 2010 e 2011. WÉS assumiu seu lado underground e perpetuou sua arte pelo simples desejo de pintar. Elabora grafites para estabelecimentos comerciais, utiliza os espaços de construções abandonadas como suporte para criação, além das casinhas dos moradores de Alto Paraíso, uma cidade turística que pede por suas cores e tendências alegóricas. Sua principal característica são os pássaros. Visionário de uma utópica liberdade, o jovem talento acredita que somente este animal consegue expressar o sentido livre de ser, ‘‘pássaro vivo é pássaro voando’’, completa!
Underground
(subterrâneo, em inglês) é uma expressão usada para designar um ambiente
cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da
mídia. Ao nos depararmos com a cultura goiana e seus movimentos artísticos,
logo percebemos uma forte influência astral designada, seja pela data de sua
fundação (conforme estudos da Terapeuta Junguiana formada
pela Universidade Autônoma de Barcelona, Larissa Siqueira, o Mapa Astral
de Goiânia tem o signo solar regido por Escorpião, o signo do Underground), seja pelos efeitos
cármicos da cidade desde o trágico episódio com o Césio 137. Tais fatores podem
ter implicado numa série de desdobramentos criativos e profundamente sensíveis
aos olhares de artistas e produtores culturais, pois que não tardou para que
fenômenos como Ana Maria Pacheco e Siron Franco abrissem as portas e deslanchasse
o eixo cultural do Centro-Oeste para o mundo.
Pelo mesmo caminho trilha o
artista plástico Pitágoras Lopes Gonçalves, 47 anos, se entregando aos encantos
e devaneios da cultura do underground,
ora manifestando e documentando as bizarras e contraditórias condições humanas
do ser ou não ser, ora incluindo os excluídos e marginalizados da sociedade em
sua arte. Com várias premiações nacionais e o currículo recheado de importantes
exposições no exterior, como a PINTA 08
NY (Feira de Arte Internacional de Nova Iorque, 2008) e a BA 11 (Feira de Arte Internacional de
Buenos Aires, 2011), o assumido goiano por excelência ostenta a simplicidade e
a sensibilidade de expressar o estranhamento contemporâneo. São travestis, drag’s queens, prostitutas, gays, boêmios
da periferia misturados a animais, característicos dos contos infantis, tais
como coelhos, gatos, cachorros, porquinhos, cisnes e gansos. Pitágoras parece elaborar
um diálogo coerente entre a incoerência de seus personagens, criando o seu
próprio paralelo sobre a ‘‘Maravilhosa City
do Submundo’’.
Seguindo na trilha goiana do
movimento underground se destaca o
artista goiano Gustavo Rizério, 31 anos, atualmente residente no bairro do
Brooklin, em Nova Iorque. O goiano traz gravado, literalmente no peito, uma de
suas duas grandes paixões, a tatuagem. Estilo de vida, rebeldia, expressão
artística, código de honra, simbologia ou profissão por opção é certo que sua
jornada lhe rende excelentes frutos. Convidado nos fins dos anos 90 para
trabalhar na Irlanda, Rizério plantou conhecimentos que hoje colhe em concursos
internacionais de tatuagem e na sua segunda paixão, as artes plásticas. Exímio
pintor à óleo sobre tela domina uma técnica invejável a muitos veteranos no
assunto. Se a tatuagem lhe ajudou a conceber essa graça, ainda não se sabe, o
certo é que o artista goiano experimenta seus dons pelos arredores longínquos
da terra do Tio Sam. Seus trabalhos
mais recentes foram expostos nas mostras de design da Artefacto e Casa Cor de
Goiânia.
A nova geração ganha espaço com a mais atual expressão artística (por alguns intitulados de nova arte contemporânea), o grafite. Precocemente inserido no ofício, ou ‘vício sem fim’, o grafite entrou na vida de WÉS aos 7 anos de idade. Hoje, aos 24 anos, é detentor de uma criatividade sem limites. Há mais de um ano morando na cidade de Alto Paraíso/GO, WÉS iniciou sua carreira sem saber ao certo onde iria parar. Elaborou projetos para grandes empresas locais e multinacionais, participou da Mostra Morar Mais, em 2008, Casa Cor, em 2009 e esteve presente na mostra dos Irmãos Campana, com duas obras em grande dimensão, na AZ da Decoração, em 2010. Também participou de projetos culturais de intervenção urbana através de Leis de Incentivo, concursos internacionais de grafite e por duas vezes executou a fachada da Potrich Galeria de Arte Contemporânea, em 2010 e 2011. WÉS assumiu seu lado underground e perpetuou sua arte pelo simples desejo de pintar. Elabora grafites para estabelecimentos comerciais, utiliza os espaços de construções abandonadas como suporte para criação, além das casinhas dos moradores de Alto Paraíso, uma cidade turística que pede por suas cores e tendências alegóricas. Sua principal característica são os pássaros. Visionário de uma utópica liberdade, o jovem talento acredita que somente este animal consegue expressar o sentido livre de ser, ‘‘pássaro vivo é pássaro voando’’, completa!
Do underground às alturas dos vôos criativos, artistas goianos se
destacam nacional e internacionalmente.
Sendo no submundo de Kátia Flávia,
ou no gueto da Tattoo, ou mesmo no crew do Graffiti, as gerações passam por transformações e se adaptam aos
fervores da sociedade. Artistas nada mais são que o termômetro do comportamento
humano expressando os sintomas e reações do sistema. A liberação sexual, a
precoce inserção da juventude em grupos marginalizados e as intervenções
urbanas como meio de manifestação cultural, egocentrismo e autonomia é
resultado de uma série de acontecimentos históricos e ideológicos da sociedade.
Artistas verificam todos estes processos sociais e revelam sentimentos unanimes
em suas obras.
É no vai e vem, do sobe e desce
da vida, que ‘‘a gente vai levando, a gente vai levando a gente vai levando
essa chama...’’ (Chico Buarque).
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