domingo, 26 de dezembro de 2021

Olhe para cima

“Temos que defender o planeta, nem que seja de nós mesmos”. A afirmação é da atriz Meryl Streep em reportagem sobre a estreia do filme “Não olhe para cima” (2021), com lançamento neste último dia 24 de dezembro, na Netflix. O filme é uma comédia dramática cuja abordagem replica a falta de noção da sociedade, que embarca nas futilidades e superficialismos midiáticos ao invés de dar ênfase à ciência e ao bom senso coletivo.

Em verdade, a película não passa de um deja vú não fosse pelo elenco de peso. Leonardo DiCaprio está, como sempre, primoroso e belo! E os memes e avacalhações que o filme faz com a personagem de Jennifer Lawrence não ofuscaram a beleza e nem talento desta diva, pelo contrário! O filme é literalmente o ditado “rir para não chorar” e vale a pena fazer as duas coisas, ainda mais em vésperas natalinas.

O tema é mais uma boa reflexão sobre nossa contemporaneidade e como somos facilmente manipulados. Manipulados pela política, pela mídia, pelo sexo! O título é um tapa na cara dos céticos ou dos crentes aos prazeres da vida materialista. Olhar para cima é ver o mundo, o universo, o cosmos. É literalmente enxergar Deus ou o Sol, quando só vemos nuvens negras. O filme também põe em xeque as atitudes dos personagens perante a certeza do dia da morte. O que você faria? Fugiria? Perdoaria? Se declararia para seu amor? Qual é, realmente, o sentido da vida?

O eterno músico e compositor Renato Russo que tem razão: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há. Sou a gota d’água, sou um grão de areia. Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo e isso é um absurdo. São crianças como você, o que você vai ser, quando você crescer”.

Que sejamos crianças eternamente! Que possamos olhar o mundo com a ingenuidade e afetividade de uma criatura pura e sensível. Acreditar que os verdadeiros prazeres da vida é brincar, brincar, poder afagar um animal de estimação, abraçar com intensidade os nossos pais, tomar uma bola de sorvete num dia de verão, ou um chocolate quente num dia de inverno. Amar as coisas simples e desejar a felicidade como uma rotina despretensiosa e única! Que possamos olhar para cima e acreditar no impossível, no invisível, no amor!

Feliz Natal e um Ano Novo Mágico!

Ilustra o texto pendente Giroscópio e obra de Tarcísio Veloso, “O Astronauta”.



domingo, 5 de dezembro de 2021

MeMostra


"Me Mostra" foi a mostra de arte + design + conceito  realizada entre os dias 1° e 4 de dezembro na loja Elementos Móveis & Design, que propôs um novo conceito de exposição. A ideia do nome é uma expressão que convida ao novo, ao olhar de perto para um consumo moderado, especial e exclusivo. A mostra foi um misto de design e arte selecionados que se integraram e interagiram com a loja da empresária Luiza Rocha de Siqueira, que há mais de 30 anos trabalha com móveis contemporâneos e antiquário. 

A mostra contou com peças autorais de cerâmicas feitas artesanalmente pela arquiteta Márcia Magda, o arrojado design em madeira dos móveis e utensílios de Gregory Kravchenko, da Krav Design, batas étnicas bordadas pela estilista Fernanda Pallazzo, as fotografias em luz, sombras e cores do fotógrafo Flávio Lima e o lançamento do catálogo virtual "felicidade ao cubo" pela designer e crítica de arte Tatiana Potrich e obras da artista Marú.
O trabalho marcante da artista e arquiteta por formação, Ana Flávia, a Marú mescla a ilustração botânica à linguística falada e escrita através de delicados bordados em bastidores de madeira. Marú resgata uma linguagem afetiva e caseira aplicada geralmente em situações intimistas, com pessoas mais próximas como uma fala debochada, mas carinhosa, cheia de boas ou más intenções! Como por exemplo, a planta Dieffenbachia seguive, o nome científico da popular "comigo ninguém pode", que a artista substituiu pela expressão "não mexe comigo", título da canção homônima da cantora Maria Bethânia. 
Sua formação acadêmica lhe beneficia na cautelosa execução de carimbos que estampam diversos modelos de cadeiras comuns e populares. Cadeiras de ferro, de madeira, de plástico, bancos de boteco, altos e baixos. Seus delicados desenhos em nanquim reforçam a ideia do sentar, do pensar, do agregar, do acolher, mas principalmente do convívio coletivo. São em reuniões, sentados uns ao lado dos outros, que tomamos decisões importantes, em círculo, em ciclos constantes. 
Marú se revela uma discípula aplicada, fruto de dedicadas horas e atenção ao curso da EAV (Escola de Artes Visuais) ministrado pelo professor e artista renomado Luiz Mauro. Se destaca dentre tantos outros jovens artistas porque não faz uma obra convencional, principalmente por adotar uma postura forte e ao mesmo tempo delicada e feminina.  
A expografia foi assinada pelo arquiteto Cristiano Lemes e a curadoria por Tatiana Potrich. Até a próxima!




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