domingo, 21 de abril de 2024

Na Terra

 O grande mal contemporâneo, talvez, esteja muito mais dentro de casa do que fora. Crianças mal educadas são reflexos de pais mal criados, mal acostumados ou ausentes. Campanhas em evidência como a de anti bullying são reações à falta de compostura de uma sociedade que recorreu ao prazer como entretenimento no cotidiano doméstico e se esqueceu dos princípios e atitudes estoicas.

Nos anos 80, as cenas mais comuns em filmes hollywoodianos eram a de crianças menores, sendo reprimidas por crianças maiores, mais fortes e mais brutas. Karatê Kid é um exemplo clássico. Nem por isso o protagonista latino americano, Daniel Sam, se intimidou. A história real de Sylvester Stalone foi assim. Quem não sabe que o roteiro de Rock Balboa foi criticado e rejeitado zilhões de vezes até se tornar campeão de bilheterias?! A  uber model brasileira, Gisele também passou por maus bocados em entrevistas seletivas, quando era criticada pela desproporção de seu nariz e orelhas.

Não estou dizendo que sou contra as campanhas de anti bullying, mas há algo de muito frágil numa sociedade que não está pronta para ouvir críticas sinceras e verdades sensatas. Sou contra a violência e agressividade verbal e física, me perdoem os ditos celebridades, os tais comediantes de humor sarcástico, acontece que as piadas ultimamente andam bem apelativas e de mal gosto. 

Mas, por outro lado, tentar opinar e expor o que pensamos ficou muito delicado. Será que não podemos mais dizer o termo buraco negro? Ou que não somos a favor da linguagem neutra? Ora, uma sociedade que caminha sobre ovos, uma hora vai ter de fazer uma omelete. Não é à toa que o nome Geração Nutella, pegou.

Quanto mais se aperta de um lado para apaziguar, limitar e educar, mais se afrouxa do outro que quer relaxar, gozar e exigir direitos sem exercer deveres. Liberdade é disciplina. Quem tem educação, quem segue as regras da etiqueta, quem entende até onde vai o seu espaço não tenta invadir o do outro. Isso são condutas domésticas, aprendemos em casa com os pais, avós, babás, governantas e afins.

Campanhas anti bullying estão mais para conscientizar os tutores que os menores. Chegamos ao patamar onde até os autistas perderam o senso do limite, porque os pais querem justificar no transtorno da criança a educação que lhe faltou dentro de casa.

A educação de uma maneira geral começa em casa, mas se desdobra na escola, na Faculdade, no trabalho, na academia, no boteco. 

Papai tinha uma solução muito prática para gente abusiva, depressiva e opressora: "nada que uma boa enxada não resolva". Cavucar a terra deveria ser matéria obrigatória. A terra é terapêutica, ela é viva, tem cheiro, tem textura, tem cor. Ela é generosa, porque se você à toca com carinho e planta, ela faz crescer, ela te recompensa. Observar a terra e saber trabalhá-la é um exercício educativo, terapêutico e disciplinar. Não por acaso a ascensão de escolas de cerâmica, oficinas, grupos e associações que expandem e crescem, angariam cada vez mais novos adeptos para seu universo lúdico e sensitivo.

Quem sabe, futuramente, possamos denominar as próximas gerações, ao invés de "Nutella", de Geração na Terra!

"Terra Plena", óleo sobre tela, obra da jovem artista Okun.




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