domingo, 7 de abril de 2024

Fecundar

 As recentes declarações de uma das mais influentes personalidades britânicas J.K.Rowling vem causando o que falar. A escritora de Harry Potter reagiu nas redes sociais à nova lei escocesa contra crime de Ódio e Ordem Pública de 2021, mas que entrou em vigor este ano. A mesma que declarou que mulheres são as que menstruam, voltou a tuitar verdades abruptas anunciando uma virada de mesa ao país vizinho. Seja por rivalidade histórica, seja por princípios pessoais, de fato as falas da escritora são dignas de reflexão. 

"As mulheres não necessitam de outras mulheres para servirem de espelho lisonjeiro, escudos humanos ou mães substitutas, mas um certo tipo de homem espera tais serviços como um direito. Demandas petulantes por mimos e conformidade das mulheres não provam que você é melhor, mas revelam uma enorme arrogância masculina".

Não é de hoje que Rowling é considerada transfóbica, nem por isso suas declarações foram consideradas crime ou violência. Ela dá sua opinião nas redes sociais com indulgência, organiza suas ideias ao fator biológico e descreve as verdades subliminares sobre um fenômeno que oculta segundas intenções.

A questão fica mais polêmica principalmente quando chega ao Brasil: o país do Carnaval, do futebol, do amigo rico que paga fiança ao réu estuprador, da orgia literalmente legalizada.

Verdade seja dita, num estado de espírito nacional regido por Exu é normal que tantos evangélicos castrados se manifestem contra as religiões alheias.

A prioridade da educação - que já é tão delicada - foca a discussão sobre a linguagem neutra. Haja catuaba para tanta sandice. Isso nem deveria ser discutido, nem que sim, nem que não. Quando o futuro está obscuro, o melhor a se fazer é resgatar o passado:

"Na Antiguidade, seios grandes e ancas largas indicavam a capacidade de gerar bons filhos. Uma imagem bem comum é a Vênus de Willendorf. A deusa Ártemis de Eféso com tâmaras, fruta símbolo da fertilidade - que vieram posteriormente - foi tomada por seios múltiplos, amplificando o poder da amamentação e do mito".

Encarar a verdade biológica contada através da mitologia, de lendas e de fábulas é reconfortante para a alma e para o corpo. Uma deusa provida de vários seios é uma forma de manifestar a realidade da fertilidade, da maternidade, da feminilidade. Essa é a verdadeira mulher, a que amamenta, a ama de leite, a que sente as dores das cólicas, as dores do parto, as dores físicas das transformações hormonais do corpo.

Voltemos às nossas raízes, à nossa ancestralidade. De repente o passado começa a fazer mais sentido que o futuro e o resgate das verdadeiras prioridades se torna ainda mais urgente.

"De dentro da caverna subterrânea

Luz nas trevas

Do calmo útero mágico

Força fecundadora de vida

É a exaltação da esfera matriarcal" 

(Trecho por Lari Mendes para o signo de Touro em catálogo  "Terra Plena")

Que nem o medo e nem as trevas nos afastem do nosso real propósito da vida, que é, única e exclusivamente, fecundá-la! 

Fencundá-la com  ideiais humanistas, coletivas e coerentes.

Fecundar, do latim fecundare. Sinônimo, fertilizar. [Figurado] que produz em abundância; inventivo, criador,  escritor fecundo, imaginação fecunda.


Fonte no Templo de Éfeso

"Touro", obra de Lupe Vasconcelos para mostra "Terra Plena"



1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Como sempre excelente. É preciso sempre fecundar a mente . Felizes os que conseguem despertar o sentido de coletividade . Seu texto traz sempre reflexão para o BEM .

7 de abril de 2024 às 10:26  

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