domingo, 18 de fevereiro de 2024

Scala Dei (Escada de Deus)

“E teve um sonho: e eis, era posta na terra uma escada cujo topo tocava nos céus e eis, que os anjos de Deus subiam e desciam por ela”. Gênesis 28:12

No cristianismo, no espiritismo, no esoterismo, no xamanismo e tantas outras correntes espiritualistas a visão estética da escada pode ser interpretada como uma grande cobra, ou a serpente sagrada, ou em escala microscópica a dupla hélice do DNA, elo vital que está entre o céu e a terra. Artistas, teólogos, teosóficos, filósofos, cientistas, curandeiros, pajés, feiticeiros, mandingueiros e tantos outros estudiosos do “além”, interpretaram e investigaram nossa origem e existência no universo tendo em comum único berço esplêndido: Zeus, ou Criador, ou Cosmos, ou Sophia, ou Mãe Natureza, ou Prima Mater*... Em comum também são as imagens que permeiam antigas escrituras, hieróglifos, relatos orais, lendas e mitologias que nos mantém unidos pela mesma questão: de onde viemos?

Fontes científicas hipotéticas especulam sobre a Panspermia Cósmica, o pó de explosões interplanetárias, meteoros, meteoritos e cometas que ao longo de bilhões de anos deixaram rastros no nosso planeta permitindo assim que ebulições, evaporações, reações químicas e adversidades de temperatura se tornassem propícias ao desenvolvimento de uma cadeia invisível de aminoácidos.

O elo entre a atmosfera interna, da externa do planeta, representada pela espiral lúdica de uma 'escada-serpente' seria também a cosmovisão dos antigos povos originários através de clarividências, mediunidade, rituais psicodélicos e sonhos. Não digo apenas dos africanos ou indígenas, mas dos sumérios, egípcios, babilônios, mesopotâmicos, gregos e romanos.

Símbolo inconfundível na Medicina, a cobra simboliza a dicotomia terrestre, o veneno que mata e o antídoto que 'ressuscita'. A história da Humanidade é contada e descontada, ora envenenada por mentiras, ora curada pelas verdades. Civilizações que atingiram seu apogeu, logo conheceram sua decadência em jornadas cíclicas, assim como períodos de excessiva abundância que culminaram em extrema escassez, como são as consequências de guerras, conflitos e revoltas.

As voltas e reviravoltas das marés, das fases lunares, do movimento das constelações e das órbitas dos planetas nos dizem muitas coisas: “A última vez que Plutão esteve em órbita com o signo de Aquário vivenciamos a Revolução Francesa, que foi o início da Idade Contemporânea. Em sua penúltima passagem, Copérnico apresentou o heliocentrismo e saímos do lugar de centro do mundo para ser apenas mais um planeta girando em torno do Sol. O homem como centro do universo foi marca do Renascimento em contraposição ao pensamento da Idade Média, que era a religião” (Instagram @ob.ser.vatorio)

Pois bem, entramos na Era de Aquário para ficar até 2044. Mais um trânsito planetário para nos situarmos no universo. Somos tudo e nada. Somos apenas a consciência cósmica que nos liga através de um código genético gerado há milhares de anos atrás por moléculas extraterrenas.

Não por acaso a escola de samba campeã deste ano no Rio de Janeiro trazer como tema a cobra mítica do nordeste africano, Arroboboi, Dangbé. Para diversos sistemas de crença, como a nação jeje, o réptil tem poderes de regeneração, vida, transformação e recomeço, como também na mitologia nórdica, cultuada pela imagem da ourosboros, a grande serpente abraça o mundo e engole o próprio rabo para se regenerar.

Para finalizar incluo a imagem do livro, Pequeno Príncipe numa abordagem “Desvendada” pelo esotérico, Hícaro de Castro:

“Se observarmos a imagem com atenção veremos que a serpente se enrola sete vezes ao corpo do animal, e está preste a engoli-lo pela cabeça. Nada é por acaso. Essa representação pode apontar para o homem primitivo e animalizado, o próprio ego que pode ser devorado pela cabeça (pensamento) quando se desperta dentro de si a força da serpente sagrada. As sete voltas fazem referência aos sete pontos energéticos do corpo (filosofia oriental), que estão sendo ativados”.

Contudo, a 'Serpente Sagrada' está dentro e fora. Dentro de nós como a escada do DNA, a dupla hélice em escala microscópica. Por fora a escada macro, a grande subida (ou descida) física, mental e espiritual que traçamos para atingir a sabedoria, o conhecimento, o respeito à grandeza infinita do Universo (ou de Deus*).

Capela Sistina, "O pecado original", Michelangelo, 1508
Estudo para escada em espiral por Hilma af Klint, 1880
Caduceu de Hermes, símbolo da Medicina
Imagem do livro Pequeno Príncipe, 1943





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