domingo, 14 de maio de 2023

Colo de Mãe

 "Não existe essa coisa de equilíbrio entre vida e trabalho. Tudo que vale a pena lutar desequilibra sua vida". (Allain de Botton)

O maior desafio de ser mãe é entender, perdoar e aceitar nossa própria mãe. Isso eu descobri quando meu primeiro filho nasceu. Percebi as falsas expectativas que a maternidade me guardava e o quanto tudo era difícil e doloroso a começar pelas contrações do parto, o sangue, o leite, a paciência em amamentar, as olheiras das noites mal dormidas e mal cheirosas por fraldas e mais fraldas para trocar. Tive de compreender que uma Mãe antes de tudo é uma mulher com desejos e necessidades de auto afirmação. Queremos estar lindas, fortes, independentes e profissionalmente bem sucedidas, mas temos que ser mãe, esta é a nossa real prioridade (ou deveria ser).

É simplesmente maravilhoso vivenciar o reconhecimento da trajetória da Dona Marina Potrich, ela quem abriu as portas do Centro-Oeste à uma vanguarda artística dos anos 80 e 90, que construiu um patrimônio único e exclusivamente voltado à grandes mostras de arte contemporânea, num bairro ainda muito pouco popular. Ela quem trouxe grandes nomes da arte brasileira para o acervo de importantes colecionadores e (não nos esqueçamos) ela, mamãe, foi a primeira marchand a representar o artista Siron Franco.

Legitimada pelo mercado e reverberando o sobrenome da família, hoje ela é Marina, minha mãe e vó de cinco netos, aquela Marina ainda, a da Galeria de Arte, a famosa Marina que vendia Sirons e eu sou sua filha, a filha da Marina, que tem nome de mar, mas não gosta de peixe.

Nossas conquistas maternais vão além do mercado, da concorrência comercial, das altas e baixas das tabelas de preço. A verdadeira construção e trabalho é dentro de casa, na educação dos filhos, a batalha diária contra gripes, febres, doenças e feridas pscicológicas que tentamos cicatrizar diariamente. 

Tanto filhos como mães a vida nos leva à uma jornada de conhecimento e reconhecimento. Será que fomos boas o bastante para nossa querida mãe nos admirar ou será que é só uma auto afirmação passageira que logo ficará na história para os nossos netos contar?!

Minha avó criou cinco filhos numa época bem diferente. Cada filho tem uma relação específica com ela, uns mais presentes, outros com mais intensidade, cada um a sua maneira. Essa relação maternal é o que gera a energia cósmica e sagrada do verdadeiro amor, a maneira como nos relacionamos com nossa mãe. Lembrando que o Cosmos é uma variante de caos e ordem, ciclos contínuos de vida e morte. O desafio é manter o equilíbrio entre essas forças da natureza, aceitando o desequilíbrio  como parte do aprendizado também!

Que o cosmos abençoe o colo de todas as mães do mundo!

Feliz Dia das Mães!


Eu e vovó Suzana de Abreu