Nossa relação entre o bem e o mal
The art of Jeff Koons creates a world beyond taste. It rubs the least respectable mass-cultural artefacts into the noses of people brought up to think art is about the good, the true and the lofty
The Guardian – entrevista com Jeff Koons, 2009
“Micheal
Jackson and Bubbles” (1988) é uma escultura em tamanho maior que o real e
justifica os rumores sobre as controvérsias e polêmicas na arte de Koons. Homenagem
ou repulsa são uns dos sentimentos que nos acometem de imediato. O rei da música pop, comprou o macaco de um adestrador e o criou em casa, na sua famosa Neverland, onde ganhou um berço, dentro
do quarto do "papai". A história é que depois do nascimento do verdadeiro herdeiro da
Terra do Nunca, Bubbles, o macaco, ficou agressivo e como precaução, foi levado
para uma reserva. Supostos indícios de que o cantor o maltratava também foram à
impresa.
Coinscidentemente,
no mesmo ano o filme documentário, “Nas montanhas com os gorilas” (1988), com perfeita
atuação de Sigourney Weaver, interpretando a antropóloga Dian Fossey, foi
lançado. Dentre as tensões e dramas na jornada da personagem, um diálogo entre
a protagonista e o fotógrafo contratado pela Revista National Geographic ascende
o discurso dicotômico entre o bem e o mal. Em sua obsessiva luta pela
preservação de um clã de gorilas ameaçada por implacáveis caçadores ela está
disposta a travar uma guerra, quando o amante fotógrafo descreve a real
situação: “Quem você acha que paga a assinatura da revista que fica nas salas de espera e consultórios bem decorados com cinzeiros exóticos, em formato de mão de gorila? Quem você acha que coleciona esses bichos? Deixa eu te dizer, são os mesmos que
pagam o seu salário para estudar os gorilas, mas não para adotá-los como família, você entende?”
Os gorilas são os maiores primatas ainda existentes na Terra. Compartilhamos 98,4% do DNA com eles e sua força ultrapassa seis vezes a nossa. Para quem assistiu o clássico “Planeta dos Macacos” entenderá a tensão e o medo sobre estes animais, que são tão próximos a nós.
Outra
curiosidade cinematográfica, que aborda um primata em especial é o filme “A Bússola de Ouro” (2007) que foi um
fracasso de bilheteria, porque colocou em pauta a ciência contrapondo a religião sobre a origem de um intrigante "pó", ainda deu uma discreta cutucada, na mensagem subliminar, sobre a campanha publicitária do refrigerante mais vendido do mundo com a imagem emblemática de um urso polar totalmente embriado fora de seu habitat. E para
vocês que estão 'pagando pau' a respeito do tema do filme “Som da Liberdade” (2023), há 16 anos atrás este estilo fantasia já tocava o dedo na ferida sobre o assunto de crianças misteriosamente desaparecidas. Na ficção de “Bússola”
cada humano tem a alma materializada através do daemon, um bicho de estimação, um elo místico e eterno com seu companheiro, assim como têm os bruxos de Harry Potter. O detalhe bizarro é que o único
deamon do filme que não fala com seu humano é o macaco dourado da vilã, interpretada pela
belíssima Nicole Kidman. Alguns erros e confusões no roteiro
prejudicaram na produção da obra, eu admito, mas eu gostei do filme mesmo assim e para minha felicidade a HBO deu continuidade na série, His Dark Materials.
Ademais, bem e mal estão por aí, presentes diariamente, todo dia, o dia inteiro. As mais variadas expressões de arte: filmes, livros, músicas, esculturas e tantas outras são recursos saudáveis para questionarmos nossa conduta ética e moral em sociedade. O que queremos, o que podemos e o que devemos fazer. A busca ilimitada por saciar caprichos, desejos obscuros, obsessão material ou afetiva adoecem nossos sentidos, expandem horizontes que não deveriam ser habitados, mas apenas preservados. Cabe aí uma reflexão se o dissernimento da nossa dicotomia anda bem e mal, ou bem mal.
3 Comentários:
🤔🤔🤔
Uma boa reflexão a ser feita.
Realmente precisamos refletir. Foi um texto q traz a tona a realidade que nós cerca.
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