domingo, 8 de setembro de 2024

Barro no jardim das maravilhas

 Querido diário,

indagada pela curiosa dúvida de meu filho, volto eu à adolescência e reviro estas páginas para me certificar se gostaria de estar vivendo em outro lugar ou se passaria o resto de minha velhice numa casa de praia, cercada pelo canto dos passarinhos, com uma rede e um mar para chamar de meu.

Em verdade, agora eu reviro a tela do celular, passeando por espaços virtuais onde me transporto por completo. Ora na mostra interativa do artista Salvador Dalí, na FAAP, em São Paulo, ora nas paisagens luxuosas de Monte Carlo, em Mônaco, compartilhadas por uma blogueira de Rio Verde, que me é muito querida. Faço altos voos até a Espanha e me encanto com Gaudí, mas mais ainda com os catalães. Percebo que agora estou na Itália, no Festival de Veneza e no tapete vermelho outro espanhol, Pedro Almodóvar, de terno rosa e broche de pena dourada.

Não, meu querido diário, eu não gostaria de estar em lugar algum a não ser a cá, neste exato momento. Nesta tela de computador digitando estas sentimentalidades. É na minha mente que sou inúmeras personagens, me figuro em diversos cenários e transcrevo sonhos às pessoas que, de uma forma ou de outra, sonham os mesmos sonhos.

Sou e estou no Brasil, no Centro do país, nesta Capital desolada pela fumaça de queimadas incansáveis e que não cessará até a primeira gota d'água cair do céu. Aqui, nesta secura, me firmo em minhas áridas raízes, na leitura do feminismo discreto de Cora, na sabedoria popular de Bariani Ortencio, na aridez sertaneja de Rachel de Queiroz, nos eruditos sonetos de Quintana, na fé maliciosa de Ariano Suassuna, nas indubitáveis incertezas de Machado de Assis, na acidez realista de Lispector, ou até mesmo no charlatanismo místico de Paulo Coelho e de tantos outros paulos ou pablos. 

Aqui, idealizo, produzo e executo. E pela segunda vez vocês serão meus convidados para a realização de mais um ideal: a 2ª edição do Barro Contemporâneo, que é pura poesia!

Cada artista, cada artesão, cada designer molda seu poema, seus sonhos, suas experiências aquecidas pela temperatura do "forno ardente". As cerâmicas são relatos poéticos!

São literalmente chifres em cabeça de boi, coração de barro para vestir, relógios surreais derretidos como pires, cidades invisíveis como castiçais, inusitados utensílios onde gravetos se transformam em asas de canecas.

Sonhos e realidades projetados pela alquimia misteriosa da argila.

Ficaram curiosos? Então venham ser transportados para nosso jardim de maravilhas nos dias 12 e 13 de setembro, das 10h às 21h.

Esperamos vocês!

Entrada Gratuita

Mosaico de cerâmicas: Ricardo Masi, Ceraminhas, Karine Brasil, Barro Pintado, Helena Vasconcelos, Denise Justino, Oficina d'Alma, Rayssa Nasser, Fernanda Ogata e Leonor Monteiro


3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Uallll!!!
Que texto, que belas reflexões..
Estou muito feliz em poder fazer parte desse projeto e poder mostrar outra faceta do meu lado artístico.
Obrigada, Tati, por acreditar nos talentos goianos e nos abrir espaço!
Karine Brasil

8 de setembro de 2024 às 08:17  
Anonymous Anônimo disse...

Tati querida ,obrigada por abrir esse espaço lindo e esse coração grande abrigando artistas e artesoes? De todas as tribos. Jovens e mais velhos. Estou muito feliz por essa iniciativa e pela minha participação. Obrigada querida.

8 de setembro de 2024 às 11:40  
Anonymous Anônimo disse...

Vc deveria ser escritora-sua retorica é maravillhosa,detalhista , criativa.Te desejo muito
sucesso em mais um jardim contemporâneo.Bjão!

12 de setembro de 2024 às 14:27  

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