terça-feira, 28 de abril de 2009

cubos

Desenho desenvolvido especialmente ao concurso de Jóias da AngloGold Ashanti/2006, tendo como tema "Calor Glacial"!

Texto de inspiração ao tema Calor Glacial

O proposto tema implica ao paradoxo vital entre as dualidades prevista ao nosso destino. Minha busca pela inspiração na História da Arte se revelou, como sendo os artistas, condutores visuais e psico-diretores deste enredo contraditório de nossa condição humana. Surge daí, conceituações entre o material e o espiritual, físico e emocional, racional e sensível. Pois que, nos meandros da Lógica e arestas da Psicologia encarna ao Movimento Neoconcreto, acontecido no Brasil durante a década de 1950, noções prévias do modernismo vanguardista. No ano de 1959, assinado por Ferreira Gullar, Amílcar de Castro, Lygia Pape,

Lygia Clark, Franz Weissmann, Reynaldo Jardim, Theon Spamidis e publicado no Jornal do Brasil, o Manifesto Neoconcreto tenta conceituar estas dualidades:

O racionalismo rouba à arte toda a autonomia e substitui as qualidades intransferíveis da obra de arte por noções da objetividade científica: assim os conceitos de forma, espaço, tempo, estrutura – que na linguagem das artes estão ligados a uma significação existencial, emotiva, afetiva – são confundidos com a aplicação teórica que deles faz a ciência. (Manifesto Neoconcreto, 1959).

Respondendo através da geometria em sua tridimensionalidade e interação, as obras propostas por este movimento artístico instigaram a percepção do observador ao objeto de arte. Neste contato com a escultura, pintura ou literatura neoconcreta, o impacto à geometria e elementos “racionais” induziu o observador a participar da obra, sendo também ele, o responsável pelo resultado final deste contato.

Esta jóia é a soma dos estudos ao Movimento Neoconcreto e interdisciplinaridade com as áreas de Design, Arte, Psicologia, Joalheria, Arquitetura, Matemática, Física e História. As múltiplas mobilidades da peça em cubos de ouro remetem à lógica da matemática, porém se restringem ao limite tenaz da nossa força motriz. Estimulado pela mobilidade da peça, o observador é impulsionado ao toque e manejo, principiando uma interação e transformação da sua forma inicial.

Dentro do paradoxo proposto pelo tema, Calor Glacial, as formas geométricas dos cubos representam o paradigma racional do homem (“a frieza”, o cálculo e o planejamento). Porém, a mobilidade e o contato físico do qual se é responsável pela criação e percepção de outras formas inusitadas, dar-se-á na experiência surpreendente do impacto ao novo, uma atitude “calorosa”, representada pelo paradigma emocional do homem.

Permanece de pé a velha concepção dualista da natureza humana, que para o corpo, é uma máquina habitada e controlada por um espírito, pela mente. (M. Merleau Ponty)

O projeto deste brinco é a homenagem que presto à pesquisa ao Movimento Neoconcreto e identificação com tema proposto. No cálculo (“frieza”) da geometria cúbica da peça à contradição na busca científica pelas respostas das ações emotivas (“calorosas”) do homem, fica como resultado o registro particular da interação e o corpo como suporte da obra.


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