terça-feira, 11 de agosto de 2015

Mito e Arte sobre Unicórnios e Rinocerontes


A verdadeira origem sobre os unicórnios ainda é uma incógnita, embora cientistas e artistas tentam desvendá-la há milênios. Muito difundido na simbologia da Antiguidade e da Idade Média, conhecem-se, no entanto, escritos sobre este animal muito mais antigos, alguns dos quais remontam o século IV a. C., como os do historiador grego, Ctésias de Cnido, que  redigiu textos sobre alguns animais fabulosos da Índia.
No século XVII o italiano, Dominico Zamperi executou arabesco no Pallazzo Farneze, de Roma retratando o ser mitológico adormecendo nos braços de uma donzela. No mesmo século o astrônomo alemão, Johannes Havelke ou, dito Hevelius  introduziu  a constelação equatorial de Unicórnio, ao norte de Cão Maior.
De poderes mágicos e curativos, o mito selvagem seria domado apenas pela pureza de uma virgem.  Há quem o diga que habitaram a terra nos tempos da pedra lascada (o Elasmotherium sibiricum), ou que uma espécie de ossada com defeito genético variando sua biologia e a exceção da regra, tivesse sido erroneamente catalogada. Talvez por causa de algumas semelhanças, como no caso dos chifres dos narvais, os unicórnios-do-mar ou ainda mais hipotético, às semelhanças com o primo mais próximo, mas não ruminante, o rinoceronte anão, de apenas 1,2m.
Habilidades mágicas e curativas são alguns dos dons deste ser fantástico, que esteve presente em meados dos anos 80 nos famosos desenhos animados, como o da princesa "She-Ra" e "A Caverna do Dragão", ou no filme "A Lenda" , de Ridley Scott, que estreou Tom Cruise no cinema. No início dos anos 90 ele é citado numa das séries de "Harry Potter", escrito por J.K.Rowling e metaforicamente idealizado, por Steven Spielberg em "As Aventuras de Tin Tim – O segredo do Licorne", de 2011.
 De relatos em relatos, lendas ou filmes, ele teria surgido de antigos registros e pesquisas arqueológicas no pêlo branco de um ungulado com um único chifre na testa e com o mito fortalecido através dos contos de fadas.
Li na Enciclopédia Cultural Laureasse que além das cinco espécies ainda existentes de rinoceronte, o rinoceronte-indiano leva o nome, Rinhocerus unicornis. Alguns possuem um ou dois chifres, assim como algumas espécies também se diferem pelo tamanho da boca e temperamentos.  Embora sejam fortes e robustos, apresentam três dedos em cada pata e são animais herbívoros. O rinoceronte-branco é o mais pesado dos mamíferos africanos, podendo chegar a 4 toneladas. Na verdade ele não é branco, é cinza. O nome se deve a um erro de tradução e não à cor da pele.  Com grande risco de extinção, hoje paga se preço de ouro pelo seu chifre. O chifre do rinoceronte é utilizado sob a forma de pó por suas supostas propriedades para aliviar a febre, manter a potência sexual em qualquer idade e até combater o câncer. A caça à esse tesouro vem causando perdas irreparáveis ao ciclo de vida desses animais.
Uma das marcas líderes do segmento de urbanwear, a Ecko escolheu o contorno da figura do rinoceronte como sua logomarca e quando questionado, seu fundador argumenta: “são os únicos animais de quatro patas que não andam para trás".
Uma famosa marca de carros japonesa aproveitou o lançamento publicitário de um novo veículo, em 2009 e usou a imagem do animal como referência e analogia à sua força, tração e impacto.
No filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris (2010), o artista surrealista espanhol, Salvador Dalí interpretado pelo o ator, Adrien Brody, tem uma epifania no meio de uma conversa e cita repetidamente: “I see rinhoceros, I see rinhoceros...”. Bem da verdade é que Dalí executou uma série de obras com o bicho. Rinoceronte vestido com puntillas é uma escultura em tamanho real, do ano de 1956, que está localizada em Marbella, na Espanha. Seus detalhes e referências são baseados no Rinoceronte de Dürer, intitulado assim por causa de seu autor, o renascentista nórdico alemão Albrecht Dürer, que esboçou o animal, em 1515 baseado em relatos descritos sobre um rinoceronte indiano.
No documentário,  A Caverna dos Sonhos Esquecidos (2010), do diretor Werner Herzog, é possível observar um antigo ascendente do rinoceronte nas pinturas rupestres da caverna de Chauvet, na França, há milhares de anos atrás.
A bióloga Nurit Bensusan se inspirou nos versos de Pablo Neruda e escreveu o livrinho Quanto dura um rinoceronte (2012), que trata com seriedade a extinção do animal. As divertidas ilustrações foram concebidas por Taísa Borges.
Ferreira Gullar também entrou na dança e elaborou o livro infantil A menina Cláudia e o rinoceronte (2013), onde a cada página seus poemas expressam a tentativa da protagonista em moldar a imagem do bicho com pedacinhos de papéis.
A idéia de contar um pouco sobre estes mitos surgiu quando, navegando nas redes sociais, encontrei um desenho que ilustrava um rinoceronte em bicas, numa esteira de academia e, ao seu lado, colado na parede, o retrato de um imponente unicórnio branco. A moral da história vinha com o slogan:"Nunca desista de seus sonhos!"
Histórias, lendas, mitos ou fatos os unicórnios e os rinocerontes construíram no imaginário coletivo a crença do acesso ao poder em contraponto à perda da inocência. O bem e o mal, a cura e a doença, a vida e a morte. Duas versões com o mesmo propósito, atingir o poder através do chifre.

Surrealismos e realismos juntos num inesquecível casamento de possibilidades! 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Borboletas para voar


Em ouro, prata e folheada!