segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

2016


domingo, 22 de novembro de 2015

Jornal O HOJE


domingo, 8 de novembro de 2015

Brinco Pirâmide


brinco em ouro

terça-feira, 27 de outubro de 2015

O prazer do movimento na arte brasileira


Me propus o desafio de fazer um ensaio bem resumido, sem qualquer pretensão, mas com alguma emoção, acerca da surpreendente história da arte brasileira baseado nas minhas experiências, estudos e pesquisas de campo.O sociólogo pernambucano, Gilberto Freyre trouxe uma interessante passagem do historiador suíço, Siegrief Giedion, no seu livro Casa-Grande e Senzala (1933), em nota de rodapé, sobre o processo de mecanização da rede indígena ou cama brasileira (Brazil bed) e a mecanização baseada em mobilidade:"Desse processo se aproxima (segundo o suíço), a arte do escultor norte-americano, Alexander Calder (1898-1976), na qual a obsessão do artista pela solução dos problemas de movimento teria encontrado a sua primeira expressão artística. A rede, entretanto, pode ser considerada manifestação já artística do gosto do repouso combinado com o prazer do movimento, que se comunicou dos indígenas da América aos primeiros conquistadores europeus do Continente, entre os quais Cristovam Colombo, em 1492."Os indígenas, intuitivamente, já compreendiam bem desde a fenomenologia do filósofo francês Merleau-Ponty às teorias estéticas publicadas no De Stijl, pelo artista neerlandês Theo van Doesburg, apenas em observar o meio ambiente. Do artesanato à arte erudita o salto equivalente se deu através da elaboração de fabulosos cocares, minuciosas tecelagens e trançados em palha, sofisticadas pinturas corporais e as formas orgânicas em artefatos domésticos e utensílios para caça e pesca perfeitamente confeccionados para o uso diário.O esmero do trabalho artístico indígena traduzia uma celebração à vida, aos deuses e principalmente à natureza.  Acredito que a arte brasileira nasceu deste contato puro e ingênuo com a terra, com o movimento das águas e a biodiversidade. Foi a inexata geometria indígena que inspirou nossos primeiros artistas, nossos mestiços, antropófagos, grupos revolucionários ou de ruptura, à frente de seu tempo, neoconcretos, verdadeiros vanguardistas. Depois da Revolução Industrial, do Futurismo, do Suprematismo, do Abstracionismo e demais "ismos" que vieram do outro lado do oceano, ascenderam se as faíscas para uma retomada às referências genuinamente brasileiras.A Semana de Arte Moderna (1922), como efeméride da Independência da República, teve sua grande parcela de responsabilidade quanto à ânsia de nos alimentarmos das culturas alheias, no entanto foi o Movimento Neoconcreto (1959) quem abraçou a pureza das formas e cores se aproximando mais ainda das nossas origens, dos efeitos geométricos em constante transição, da graça e mistério na interação com as obras, do prazer combinado com o movimento.O Neoconcretismo catalisou os efeitos seguintes da arte brasileira se desdobrando em ideais de interatividade como em obras da Nova Objetividade na década de 60, transmitindo posteriormente estes mesmos ideais para obras conceituais da década 70, assim como a poesia concreta da década de 80, em movimentos urbanos, que democratizam e interagem com a cena da cidade como o grafite, se expandindo na fotografia, artes cinéticas, robóticas e ainda invadindo a linha tênue entre arte e design em projetos de iluminação, gráfico e moda.O prazer do movimento associado à participação ativa ou passiva sempre fez parte da nossa cultura, ele apenas descobriu outros meios de se manifestar artisticamente ao longo dos séculos!Crédito para imagem: Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, Cosmococa 5 Hendrix War, 1973, projetores, slides, redes, trilha sonora (Jimi Hendrix) e equipamento de áudio, dimensões variáveis. Blog Instituto Inhotim

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Pingente Cúbico


Pingente de cubos de prata em caixa de acrílico

Cubos


Brincos em cubos de prata

Estruturas Cúbicas


Pingente em cubos de prata

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Golden Cubes


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Cubos dobráveis


Brincos em prata

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Fly Butterfly Fly



Não conseguiu acessar o vídeo, clique no link e voe:
Fly Butterfly Fly
ligue o som!

Brinde para voar

Só para quem for nos visitar no Earq!


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Mito e Arte sobre Unicórnios e Rinocerontes


A verdadeira origem sobre os unicórnios ainda é uma incógnita, embora cientistas e artistas tentam desvendá-la há milênios. Muito difundido na simbologia da Antiguidade e da Idade Média, conhecem-se, no entanto, escritos sobre este animal muito mais antigos, alguns dos quais remontam o século IV a. C., como os do historiador grego, Ctésias de Cnido, que  redigiu textos sobre alguns animais fabulosos da Índia.
No século XVII o italiano, Dominico Zamperi executou arabesco no Pallazzo Farneze, de Roma retratando o ser mitológico adormecendo nos braços de uma donzela. No mesmo século o astrônomo alemão, Johannes Havelke ou, dito Hevelius  introduziu  a constelação equatorial de Unicórnio, ao norte de Cão Maior.
De poderes mágicos e curativos, o mito selvagem seria domado apenas pela pureza de uma virgem.  Há quem o diga que habitaram a terra nos tempos da pedra lascada (o Elasmotherium sibiricum), ou que uma espécie de ossada com defeito genético variando sua biologia e a exceção da regra, tivesse sido erroneamente catalogada. Talvez por causa de algumas semelhanças, como no caso dos chifres dos narvais, os unicórnios-do-mar ou ainda mais hipotético, às semelhanças com o primo mais próximo, mas não ruminante, o rinoceronte anão, de apenas 1,2m.
Habilidades mágicas e curativas são alguns dos dons deste ser fantástico, que esteve presente em meados dos anos 80 nos famosos desenhos animados, como o da princesa "She-Ra" e "A Caverna do Dragão", ou no filme "A Lenda" , de Ridley Scott, que estreou Tom Cruise no cinema. No início dos anos 90 ele é citado numa das séries de "Harry Potter", escrito por J.K.Rowling e metaforicamente idealizado, por Steven Spielberg em "As Aventuras de Tin Tim – O segredo do Licorne", de 2011.
 De relatos em relatos, lendas ou filmes, ele teria surgido de antigos registros e pesquisas arqueológicas no pêlo branco de um ungulado com um único chifre na testa e com o mito fortalecido através dos contos de fadas.
Li na Enciclopédia Cultural Laureasse que além das cinco espécies ainda existentes de rinoceronte, o rinoceronte-indiano leva o nome, Rinhocerus unicornis. Alguns possuem um ou dois chifres, assim como algumas espécies também se diferem pelo tamanho da boca e temperamentos.  Embora sejam fortes e robustos, apresentam três dedos em cada pata e são animais herbívoros. O rinoceronte-branco é o mais pesado dos mamíferos africanos, podendo chegar a 4 toneladas. Na verdade ele não é branco, é cinza. O nome se deve a um erro de tradução e não à cor da pele.  Com grande risco de extinção, hoje paga se preço de ouro pelo seu chifre. O chifre do rinoceronte é utilizado sob a forma de pó por suas supostas propriedades para aliviar a febre, manter a potência sexual em qualquer idade e até combater o câncer. A caça à esse tesouro vem causando perdas irreparáveis ao ciclo de vida desses animais.
Uma das marcas líderes do segmento de urbanwear, a Ecko escolheu o contorno da figura do rinoceronte como sua logomarca e quando questionado, seu fundador argumenta: “são os únicos animais de quatro patas que não andam para trás".
Uma famosa marca de carros japonesa aproveitou o lançamento publicitário de um novo veículo, em 2009 e usou a imagem do animal como referência e analogia à sua força, tração e impacto.
No filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris (2010), o artista surrealista espanhol, Salvador Dalí interpretado pelo o ator, Adrien Brody, tem uma epifania no meio de uma conversa e cita repetidamente: “I see rinhoceros, I see rinhoceros...”. Bem da verdade é que Dalí executou uma série de obras com o bicho. Rinoceronte vestido com puntillas é uma escultura em tamanho real, do ano de 1956, que está localizada em Marbella, na Espanha. Seus detalhes e referências são baseados no Rinoceronte de Dürer, intitulado assim por causa de seu autor, o renascentista nórdico alemão Albrecht Dürer, que esboçou o animal, em 1515 baseado em relatos descritos sobre um rinoceronte indiano.
No documentário,  A Caverna dos Sonhos Esquecidos (2010), do diretor Werner Herzog, é possível observar um antigo ascendente do rinoceronte nas pinturas rupestres da caverna de Chauvet, na França, há milhares de anos atrás.
A bióloga Nurit Bensusan se inspirou nos versos de Pablo Neruda e escreveu o livrinho Quanto dura um rinoceronte (2012), que trata com seriedade a extinção do animal. As divertidas ilustrações foram concebidas por Taísa Borges.
Ferreira Gullar também entrou na dança e elaborou o livro infantil A menina Cláudia e o rinoceronte (2013), onde a cada página seus poemas expressam a tentativa da protagonista em moldar a imagem do bicho com pedacinhos de papéis.
A idéia de contar um pouco sobre estes mitos surgiu quando, navegando nas redes sociais, encontrei um desenho que ilustrava um rinoceronte em bicas, numa esteira de academia e, ao seu lado, colado na parede, o retrato de um imponente unicórnio branco. A moral da história vinha com o slogan:"Nunca desista de seus sonhos!"
Histórias, lendas, mitos ou fatos os unicórnios e os rinocerontes construíram no imaginário coletivo a crença do acesso ao poder em contraponto à perda da inocência. O bem e o mal, a cura e a doença, a vida e a morte. Duas versões com o mesmo propósito, atingir o poder através do chifre.

Surrealismos e realismos juntos num inesquecível casamento de possibilidades! 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Borboletas para voar


Em ouro, prata e folheada!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Valor Cultural



Foi aos 7 anos de idade que Hans Stern começou a freqüentar o atelier do paisagista Roberto Burle Marx, no Rio de Janeiro, início da década de 1940. Vindo fugidos da guerra na Alemanha, ele e sua família se instalaram no berço esplêndido do país tropical e absorveram em primeira mão as maravilhas, os desgostos, sucessos e fracassos deste constante vai e vem da vida, como assim o é nas ondas  do mar. Essa brasilidade tocante despertou no pequeno Hans o desejo pelas "coisas" de tal território, suas cores, diversidades, seus brilhos, enfim, suas pedras preciosas.
Passados mais de meio século, seu primeiro filho, Roberto Stern também despertara acerca das riquezas naturais do país do Carnaval, no entanto confessa que deixou de priorizar as pedras preciosas para valorizar o design das jóias. Essa sacada inspirou o jovem Stern numa estratégia ousada, corajosa e arrojada.  Ele agregou às jóias da marca o status cultural elegendo o conceito e o design da peça antes do "academicismo" da joalheria clássica e o exagerado espaço ocupado pelas pedras. A começar pelo diário de bordo do fotógrafo escocês, radicado em NY, Albert Watson, que assina as belas imagens no catálogo de jóias de 1998. O catálogo é um misto de arte, fotografia, arqueologia e descrições reflexivas, documentadas provavelmente por um cientista social. Suas invenções cenográficas nos levam a crer que uma antiga civilização já cultuava a estética e o design como qualidade de vida, adornados com pinturas corporal, borboletas, lama, fibras naturais e ouro.
A via crucis da ruptura com as convenções da joalheria clássica não parou por aí. Os Stern's abrangeram tematicamente todas as áreas das artes , como no catálogo Orbis Descriptio, com marcas da cartografia cravadas no metal precioso, assinado pela artista plástica Anna Bella Geiger, ou na moda onde nomes da alta feminidade brilham como Constanza Pascolato e Diane Von Furstenberg, ou ainda no contraste étnico da música urbana de Carlinhos Brown, ou em mais contrastes como no design simples e sofisticado dos Irmão Campana, também nos movimentos da companhia de dança mineira O Corpo e por fim nas curvas arquitetônicas de Oscar Niemeyer.
A H.Stern ousou sem abusar, criou peças com uma sutil delicadeza, respeitando ao máximo as características de cada personalidade, desenvolvendo coleções ultrajantes que põe em xeque os valores reais de uma jóia de design ou de arte. Esse diferencial unânime nas jóias da marca ressalta o valor cultural agregado ao valor de mercado através de peças assinadas por quem tem algo a dizer ou a mostrar.


"A razão é inimiga da imaginação"( Oscar Niemeyer)

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Fly Butterfly Fly


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Jóias para o inverno

 Pingente Mutante

Berloques Cubos de Prata e Ouro

 Pingente Cubos Articulados

 Pingente Crucifixo Articulado

Brinco Franz Weissmann

Fotografias por Eliane de Castro

terça-feira, 7 de julho de 2015

Recordar é viver!



 Vitrine para Antônio Fernando Joalheiros, em 2005!


Brinco Galáxia - articulado em prata e ouro


 Brinco Órbitas - articulado em prata e ouro

sábado, 4 de abril de 2015

Capueira



A primeira coluna Art Et Cetera do ano 2015 vai para a: C A P O E I R A. Justifico:
Foi no dia 26 de novembro de 2014 (para quem ainda não soube), que a Unesco a reconheceu como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Também porque necessitava me manifestar a respeito do tema, mas ainda não havia chegado o merecido reconhecimento. E por fim, ninguém menos para ilustrar o sucinto texto como a foto do artista Miguel Rio Branco. A cena foi registrada em Salvador, no ano de 1989, na qual três corpos parecem desafiar a gravidade. (Imagem extraída da Coleção Folha Grandes Fotógrafos - BRASIL)
Rio Branco é um cidadão do mundo, nasceu na Espanha, mas se criou nos arredores europeus, nova-iorquinos e finalmente se estabeleceu no país verde-amarelo.  Com uma visão imparcial da cultura brasileira e sensibilidade fotográfica para registrar a realidade nua e crua, no entanto temperada à óleo de dendê e vatapá, o artista ultrapassa a barreira de ensaio etnológico para o verdadeiro estado visceral das "coisas". A começar por sua obra Blue Tango (1984), onde dois garotos demonstram o bailado brasileiro, a ginga de raiz africana e de nome indígena, numa fotomontagem de 20 imagens. Uma das definições sobre o título desta obra, como a do blog Kindred Subjects, sugere que as silhuetas dos dois capoeiras que, ora está em cima, ora em baixo, numa penumbra azulada, remeteriam os movimentos das ondas do mar, dada a longa viagem dos africanos até chegarem a terras brasileiras. E ainda o termo tango, que em sua época inicial era dançado apenas por homens.
Registrada ao longo dos tempos por inúmeros artistas estrangeiros e nacionais como Rugendas, Debret, Carlos Bastos, Carybé, Bruno Giorgi, Pierre Verger, Mario Cravo Filho, ZèCésar, André Cipriano e outros, a capoeira reconta visualmente a história brasileira através dos estilos artísticos os quais foi sendo expressada. No início eram as ilustrações, principalmente das missões científicas do século XIX, cujo o zoólogo alemão,  Johamm Baptist Spix, foi um dos integrantes e responsáveis pela identificação de mais de 3.400 espécies, onde uma delas é o conhecido pássaro uru, o odontophorus capueira spix. Depois veio a fotografia como recurso tecnológico mais definido, rápido e alternativo. Além das demais técnicas como gravura, escultura, pintura e instalação que fizeram parte do "roteiro" plástico desta manifestação cultural. Ícone da brasilidade e peça mestra na roda de capoeira, o berimbau foi tema da obra do artista mineiro Paulo Neflíndio, selecionado para o 3° Prêmio Flamboyant, em Goiânia,  no ano de 2003, com a obra Berimbau Digital. O curioso é que foi também em Goiânia, no ano de 1974, que faleceu o baiano, Mestre Bimba, criador e promotor da Capoeira Regional.
Sim, a capoeira é uma ave galiforme. Ela não voa tão alto, mas desafia a gravidade com elegância e fugacidade. Ela pode ser um cesto de taquara, pode ser um mato abandonado, pode ser um quilombola, pode ser um capão ou um capitão do mato, pode ser a tribo indígena uru ou urubu, pode ser tupi ou guarani, pode ser kimbundo, pode ser vissungo. Ela pode ser luta, dança, jogo, magia, arte, cultura brasileira.
"A capoeira é tudo que a boca come e tudo que o corpo dá", assim disse Pastinha!

Salve, camará!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Guerreiro

Me inspiro na terra.
Na terra do homem.
No primitivo e animalesco,
No natural, vital, orgânico.

No couro da jaguatirica achada morta no cerrado.
No osso do rinoceronte vendido clandestinamente em feiras de artesanato.

Sentidos de vida, vivos, presentes, como troféus dos grandes guerreiros.

A prata é o elemento metálico que une essas duas espécies distintas, distantes...
Dinamicamente incorporadas!

Pingente Guerreiro



Imagem extraída do livro Objetos Africanos

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

TOP 100

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O enigmático





O enigmático
          Penso ser bem apropriado, nos tempos de hoje, um artista brasileiro ter o apelido de Tunga. Mais comum em países subdesenvolvidos, a tungíase é uma doença infecciosa de pele causada pela fêmea (Tunga penetrantes), o vulgo bicho-de-pé. Antônio José de Barros Carvalho Mello Mourão é o Tunga, um enigmático cidadão do mundo, que além de conservar um mistério acerca da localidade de seu nascimento, sempre nos surpreende com obras estranhamente familiares e extremamente intrigantes. Pois foi assim mesmo que me senti! Acometida misteriosamente pelos sintomas de uma incessante coceira e irritação nos nervos, que ora aliviava, ora agravava, ao meu primeiro contato com o livro "Tunga - Barrocos de Lírios", editado pela Cosac & Naif, em 1997.
          O livro traz uma poética trajetória artística com registros fotográficos e primordial diagramação, dada a qualidade das imagens dos trabalhos e suas descrições. Desde então o que mais me intrigava era o complexo enredo que o artista criara sobre sua obra Xifópagas Capilares (1985). Através de cartas e poemas dum dinamarquês, o texto no livro, intitulado Xifópafas Capilares entre Nós, descreve o mito de origem de um povo nórdico e relata o nascimento de xifópagas e capilares, que gerou discórdia, discussões e desavenças no país. A narrativa abrange atitudes morais da sociedade e coloca em evidência preconceitos e a salvação através do amor. Depois de lido e relido, recordo-me ainda de divagar à respeito da Rapunzel, cujo final da história, em algumas versões, conta que tendo sido cortados seus cabelos pela bruxa, passa longo período de fome no deserto, mas reencontra seu príncipe e vivem felizes com suas filhas gêmeas no reino.
          Tunga dedicou este livro à sua mãe e à sua tia.
          Em outubro de 2010, numa entrevista do artista à Revista Piauí, dei por mim que suas obras tem um sentido muito mais profundo que supostamente acreditava. Seu avô, Antônio de Barros Carvalho era muito amigo do famoso artista Alberto da Veiga Guignard, que em 1940 pintou a tela, "As Gêmeas". As irmãs eram Léa, mãe de Tunga e sua tia, Maura. Quarenta e cinco anos depois, Tunga apresenta a performance Xipófagas Capilares, onde duas meninas compartilhavam uma cabeleira enorme.
          Trago aqui recente  imagem de Lézart (1989), que está na Galeria Psicoativa de Tunga inaugurada em 2012, no Instituto Inhotim. A sensação que tive ao revisitar sua obra foi aquela coçadinha que alivia e até desperta um certo prazer, entretanto este é apenas o início de uma "infecção psico-artística". Uma reflexão à respeito de alguns valores humanísticos há de nos penetrar paulatinamente, muito além da pele.
          Comungo com as observações do curador Luiz Camillo Osório: "Todo mundo concorda que os trabalhos dele falam do inconsciente, do desejo e da transformação biológica de suas obras, mas esses temas complexos problematizam ainda mais a sua produção (...) apesar de sempre ter tentado entender o Tunga, nunca consegui de fato. A graça dele     está nesse enigma."