Um velhinho muito maluquinho
Um velhinho muito maluquinho
Rockwell
desenhou toda sua vida sendo um homem generoso e desapegado, ainda porque
perdeu muitos trabalhos importantes depois de um grande incêndio em sua
residência. Atualmente suas obras são vendidas à valores significativos e
disputados por colecionadores e celebridades.
Mas
foi a tela The Connoisseur (1962),
cujo tema retratava um conhecedor de arte perplexo diante de uma pintura de
Jackson Pollock (1912-1956), que chamou a atenção ao me recordar de um outro
grande ilustrador, porém brasileiro e ainda vivo: Ziraldo.
O
mineiro, que lançou o livro Zeróis
pela FTD, em 2012 reúne os principais super heróis das Histórias em Quadrinhos
aos grande pintores da História da Arte como Goya, Velásquez, Picasso, Dalí,
Grant Wood e outros.
Antes
disso visitei a mostra Zeróis: Ziraldo na
Tela Grande, no CCBB-RJ, em 2010 e fiquei impressionada com a qualidade
plástica do trabalho somada ao seu sarcástico senso de humor. Numa de suas
telas retrata o super herói Capitão América, "O connoisseur das HQ's", segundo ele, perplexo diante de uma
obra de Roy Lichtenstein (1923-1997). A paródia visual com a obra do ilustrador
Rockwell é simplesmente uma sátira ou uma suspeita homenagem à cultura norte-americana.
Um outro exemplo é a obra Wonder Woman Warhol, onde
trabalha a produção em série como o artista pop Andy Warhol (1928-1987), mas
substitui a maravilhosa Marylin Monroe pela imagem da heroína de mesmo
adjetivo.
Ziraldo
não só esmiúça o domínio cultural que os norte-americanos exercem sobre o mundo
como traz à tona ícones da arte numa visão bem humorada e bastante crítica
sobre a sociedade e seus valores. Principalmente na tela do Superafrodescendente,
onde deixa claro de quais valores se refere quando dá cor negra à pele do imbatível
herói Super Homem e brinca com sua nacionalidade.
"Exemplo de síntese e originalidade o
nome Zeróis já encena por si só todo
propósito do seu criador: Zero, Heróis, Ziraldo", assim define Gessy de
Sales o neologismo do título, resultado divertido do encontro entre famosos
personagens das histórias dos homens, ora heróis, ora artistas.
Como
um eterno menino brincando de desenhar, hoje aos 81 anos de idade, posso dizer
com todo respeito e admiração, que este velhinho será sempre muito, muito
maluquinho mesmo! Viva, Ziraldo! Salve, Brazil!
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