quarta-feira, 2 de julho de 2014

Um velhinho muito maluquinho




Um velhinho muito maluquinho

              
  No mês de abril deste ano assisti pelo canal Arte 1 um documentário sobre a trajetória artística do ilustrador norte-americano, Norman Rockwell (1894-1978) e percebi sua notável contribuição cultural e social para com o país e o mundo.
                Rockwell desenhou toda sua vida sendo um homem generoso e desapegado, ainda porque perdeu muitos trabalhos importantes depois de um grande incêndio em sua residência. Atualmente suas obras são vendidas à valores significativos e disputados por colecionadores e celebridades.
                Mas foi a tela The Connoisseur (1962), cujo tema retratava um conhecedor de arte perplexo diante de uma pintura de Jackson Pollock (1912-1956), que chamou a atenção ao me recordar de um outro grande ilustrador, porém brasileiro e ainda vivo: Ziraldo.
                O mineiro, que lançou o livro Zeróis pela FTD, em 2012 reúne os principais super heróis das Histórias em Quadrinhos aos grande pintores da História da Arte como Goya, Velásquez, Picasso, Dalí, Grant Wood e outros.
                Antes disso visitei a mostra Zeróis: Ziraldo na Tela Grande, no CCBB-RJ, em 2010 e fiquei impressionada com a qualidade plástica do trabalho somada ao seu sarcástico senso de humor. Numa de suas telas retrata o super herói Capitão América, "O connoisseur das HQ's", segundo ele, perplexo diante de uma obra de Roy Lichtenstein (1923-1997). A paródia visual com a obra do ilustrador Rockwell é simplesmente uma sátira ou uma suspeita homenagem à cultura norte-americana.
                 Um outro exemplo é a obra Wonder Woman Warhol, onde trabalha a produção em série como o artista pop Andy Warhol (1928-1987), mas substitui a maravilhosa Marylin Monroe pela imagem da heroína de mesmo adjetivo.
                Ziraldo não só esmiúça o domínio cultural que os norte-americanos exercem sobre o mundo como traz à tona ícones da arte numa visão bem humorada e bastante crítica sobre a sociedade e seus valores. Principalmente na tela do Superafrodescendente, onde deixa claro de quais valores se refere quando dá cor negra à pele do imbatível herói Super Homem e brinca com sua nacionalidade.
                 "Exemplo de síntese e originalidade o nome Zeróis já encena por si só todo propósito do seu criador: Zero, Heróis, Ziraldo", assim define Gessy de Sales o neologismo do título, resultado divertido do encontro entre famosos personagens das histórias dos homens, ora heróis, ora artistas.
                Como um eterno menino brincando de desenhar, hoje aos 81 anos de idade, posso dizer com todo respeito e admiração, que este velhinho será sempre muito, muito maluquinho mesmo! Viva, Ziraldo! Salve, Brazil!