Amilcar de Castro
Uma breve
resenha ao gigante do aço mineiro
Há algum tempo ensaio resenhas sobre
este gigante da arte e do design brasileiro, mas ainda não ocorrera devida
oportunidade para apresentá-las. Agora, escrevendo para a Di Casa que é uma revista de design e decoração penso que é chegada
a hora.
Mineiro, amante das artes, discípulo de
mestres como Guignard e Franz Weissmann, Amilcar de Castro trilhou seu caminho
com linhas, retas, cortes e dobras. Reinventou o design gráfico, estruturou a
escultura a partir do plano bidimensional e brincou de “samurai” com o metal e com
o pincel.
Nascido em Paraisópolis, em 1920, se
muda para Belo Horizonte, aos 14 anos. Cursa Direito e advoga durante um curto
período, pois recebe convites para trabalhar como diagramador. Afia seus
conhecimentos em 1951, após conhecer um ícone da arte concreta, o suíço Max
Bill, premiado na Iª Bienal Internacional
de São Paulo pela escultura Unidade
Tripartida. A partir daí, insere o princípio da Tabela de Fibomacci para fundamentar sua diagramação e coloca em
prática a reforma gráfica nos principais periódicos do país, desde 1957.
No
ano de 1959, assina com demais companheiros o Manifesto Neoconcreto escrito por Ferreira Gullar, cujas teorias se
encaixariam perfeitamente ao seu estilo de trabalho e pesquisa artística.
Enriquece seu conhecimento numa longa temporada no exterior retornando ao
Brasil na década de 1970 onde confirma sua grande paixão e orgulho ao barroco
mineiro. Digo isso porque o conheci em seu atelier, no centro de Belo
Horizonte, em 1997.
Foi no mesmo ano em que terminei um dos meus
cursos de ourivesaria, em 2000, a Galeria
Kolams lança a coleção de jóias do artista eternizando em ouro, a nobreza
de tamanho talento. Em 2003, um ano após sua morte, volto ao seu atelier na
companhia de minha mãe, agora em Nova Lima. Projetado pelo arquiteto Allen
Roscoe, a grande galeria de vidro, suspensa pela belíssima serra mineira abrigava
dezenas de protótipos de esculturas além de um majestoso fogão à lenha típico
da cultura caipira.
Em 2004, a Potrich Galeria realiza a mostra Corte, Dobra, Forma e Cor que traz à Goiânia desenhos,
xilogravuras, pinturas e esculturas em pequenos formatos para seu acervo. No
ano seguinte, a 5ª Bienal do Mercosul,
em Porto Alegre lhe dedica uma sala especial se encarregando de despachar
toneladas de esculturas de aço para mostra. Uma merecida homenagem ao maior
escultor brasileiro da contemporaneidade. Meu mais recente contato com este Gigante
do aço foi numa visita ao Instituto
Inhotim, em 2011. Num passeio distraído pelo jardim projetado por Roberto
Burle Marx me deparo com sua escultura chapada, cortada e dobrada representando
o legítimo concretismo brasileiro.
As obras do artista estão hoje em
importantes instituições e espaços públicos, assim como em coleções particulares
e comercializadas por leilões e galerias de arte idôneas no mercado nacional e
internacional.
À você Amilcar de Castro, dedico esta
breve resenha!
TATIANA POTRICH