terça-feira, 23 de julho de 2013

Amilcar de Castro




Uma breve resenha ao gigante do aço mineiro

Há algum tempo ensaio resenhas sobre este gigante da arte e do design brasileiro, mas ainda não ocorrera devida oportunidade para apresentá-las. Agora, escrevendo para a Di Casa que é uma revista de design e decoração penso que é chegada a hora.
Mineiro, amante das artes, discípulo de mestres como Guignard e Franz Weissmann, Amilcar de Castro trilhou seu caminho com linhas, retas, cortes e dobras. Reinventou o design gráfico, estruturou a escultura a partir do plano bidimensional e brincou de “samurai” com o metal e com o pincel.
Nascido em Paraisópolis, em 1920, se muda para Belo Horizonte, aos 14 anos. Cursa Direito e advoga durante um curto período, pois recebe convites para trabalhar como diagramador. Afia seus conhecimentos em 1951, após conhecer um ícone da arte concreta, o suíço Max Bill, premiado na Iª Bienal Internacional de São Paulo pela escultura Unidade Tripartida. A partir daí, insere o princípio da Tabela de Fibomacci para fundamentar sua diagramação e coloca em prática a reforma gráfica nos principais periódicos do país, desde 1957.
 No ano de 1959, assina com demais companheiros o Manifesto Neoconcreto escrito por Ferreira Gullar, cujas teorias se encaixariam perfeitamente ao seu estilo de trabalho e pesquisa artística. Enriquece seu conhecimento numa longa temporada no exterior retornando ao Brasil na década de 1970 onde confirma sua grande paixão e orgulho ao barroco mineiro. Digo isso porque o conheci em seu atelier, no centro de Belo Horizonte, em 1997.
Foi no mesmo ano em que terminei um dos meus cursos de ourivesaria, em 2000, a Galeria Kolams lança a coleção de jóias do artista eternizando em ouro, a nobreza de tamanho talento. Em 2003, um ano após sua morte, volto ao seu atelier na companhia de minha mãe, agora em Nova Lima. Projetado pelo arquiteto Allen Roscoe, a grande galeria de vidro, suspensa pela belíssima serra mineira abrigava dezenas de protótipos de esculturas além de um majestoso fogão à lenha típico da cultura caipira.
Em 2004, a Potrich Galeria realiza a mostra Corte, Dobra, Forma e Cor que traz à Goiânia desenhos, xilogravuras, pinturas e esculturas em pequenos formatos para seu acervo. No ano seguinte, a 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre lhe dedica uma sala especial se encarregando de despachar toneladas de esculturas de aço para mostra. Uma merecida homenagem ao maior escultor brasileiro da contemporaneidade. Meu mais recente contato com este Gigante do aço foi numa visita ao Instituto Inhotim, em 2011. Num passeio distraído pelo jardim projetado por Roberto Burle Marx me deparo com sua escultura chapada, cortada e dobrada representando o legítimo concretismo brasileiro.
As obras do artista estão hoje em importantes instituições e espaços públicos, assim como em coleções particulares e comercializadas por leilões e galerias de arte idôneas no mercado nacional e internacional.
À você Amilcar de Castro, dedico esta breve resenha!



TATIANA POTRICH