sábado, 16 de dezembro de 2023

O mundo depois da I.A.

Café espresso feito do jeitinho que você gosta, braços biônicos para cortar, modelar, dobrar e carregar, tratores controlados via satélite, luzes e portões eletrônicos que atendem a comando de voz, ou quem sabe até um pet que te faça companhia, mas não estrague seu tapete.
Estas são algumas das milhares de opções da Inteligência Artificial que vieram para ficar e a gente que trate de acompanhar a velocidade destes pseudo-humanoides. A Conferência de I.A. realizada pelo Jornal ARedação no Teatro Sesc/GO na última terça-feira (12/12) reuniu três especialistas no assunto: Renato Naves, Mariana Dalcin e Celso Camilo para elucidarem e desmistificarem a conturbada relação homem x máquina. Segundo o professor Camilo estamos na Era da I.A. e não conseguiremos entender como a tecnologia chegou a este ponto se não revisitarmos o passado. A história da Humanidade conta com períodos de rupturas de cunho intelectual, sendo a primeira delas a Revolução Cognitiva, o homem depois da descoberta do fogo, a Revolução Agrícola, o homem depois da monocultura, a Revolução Industrial, o homem depois da máquina a vapor e a Revolução Tecnológica, o homem na atualidade. 
As maravilhas que a I.A. pode alcançar são infinitas e claro, poderemos nos beneficiar muito com isso, aliás já estamos nos beneficiando. O conforto, a lei do menor esforço, o comando preciso e imediato, além da alta escala de produção, são reflexos da rapidez e eficiência da automação. Mas, e suas consequências? Epidemias, guerra biológica, desigualdade social, desemprego, proliferação do tráfico de drogas, altos índices de suicídio, violência e desequilíbrio ambiental. Para os especialistas da palestra a solução prévia para contornar estas consequências estaria na Educação. Embora, se revisitarmos o passado perceberemos que esta sempre foi uma promessa que anda dois passos para frente e recua um, principalmente em tempos sombrios, como o da Idade das Trevas, a Peste Negra, a Grande Peste e quiçá recentemente com o retrocesso sobre a ideologia incabível da Terra plana e a ascensão da Covid pelo desdém à Ciência.
Conquanto, Steve Jobs e Bill Gates concordassem entre si sobre a proibição de eletrônicos para seus filhos menores de idade, a sociedade segue aclamando tik tokers e avatares como celebridades. Pensar no bem que a I.A. pode fazer por nós está inversamente proporcional ao mal que ela também poderá causar, por isso deixo aqui minha indagação: quais as medidas a serem tomadas para resguardar o nosso equilíbrio mental e nossa privacidade sobre o que consumimos e desejamos, tendo o pressuposto de que nosso CPF já esteja no banco de dados dos chineses, dos russos ou até mesmo no Vale do Silício.
O estilo ficção científica nunca foi muito otimista sobre a excessiva automação, principalmente agora com a polêmica estreia do filme da Netflix "O mundo depois de nós". (Contém spoiler) Dado seu final ambíguo, podemos revisitar o passado e fazer uma análise superficial sobre uma Arca de Noé às avessas, numa seca cibernética, dando fim à navegação virtual (isso fica explícito na cena do navio petroleiro que encalha agressivamente na areia da praia), mas que no desenrolar da trama, os personagens, compostos por casais aptos a procriarem um novo mundo, tem a oportunidade de se abrigarem num bunker hiper-equipado.
Compete apenas à nós seres humanos continuarmos humanos para não perdermos nosso lugar para um desumano. É a máxima darwinista em ação: sobrevive quem melhor se adapta ao meio. 

Cena do filme da Netflix,"O mundo depois de nós", 2023


 

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