domingo, 24 de dezembro de 2023

A natalidade das Árvores

 A história atual da Árvore de Natal remonta um compilado de contos de outras histórias mais antigas apropriadas pelo Cristianismo e associadas ao Capitalismo como festividades em prol do consumismo. O que eu vou contar não será de grande novidade para muitos, mas é sempre bom lembrar e resgatar a origem das nossas crenças e costumes. Sabe se que antes de Cristo e de tantas outras civilizações antigas, em terras longínquas, os celtas, sumérios e povos nórdicos tinham o costume de celebrar os períodos de fartura, colheita e abundância, dada regiões de climas severos e um tanto gélidos, no equinócio de inverno.  Um dos principais rituais era a oferenda de certos tipos de alimentos, ervas aromáticas e símbolos de religiosidade pagãs aos pés de árvores que resistiam baixas temperaturas e, ainda, sim, continuavam verdes e férteis. A árvore era tida como uma entidade sagrada, um prolongamento da representação total da Mãe Natureza, uma extensão da vida humana representada até hoje através da árvore genealógica. Desde liturgias a druidas, duendes, feiticeiras, faraós, deuses, magos, monges, bispos, papas, o rito se prolongou ao longo dos tempos e marcos históricos e cá estamos nós, em pleno calor tropical celebrando um papai noel com galochas, casaco e gorro de lã vermelhos.

Refletir sobre a origem natalina também me fez resgatar um símbolo em especial do Cristianismo, que teve seu alicerce nas bases do Ocultismo: a cruz de três pontas. Adorno simbólico da figura do Hierofante, atualmente representado pelo Xamã, Pajé ou Papa, no jogo do tarô tem sua origem na Triquetra, que é uma representação do infinito nas três dimensões ou eternidade: Virgem, Mãe e Anciã. Também apropriada pelo Cristianismo adotando uma versão masculina, estudiosos começam a refutar a interpretação e tradução de textos levantando questões até que bem pertinentes, como  o termo inglês History. Na tradução para o português, é a união do pronome masculino his (dele) mais o substantivo story (estória), o que seria: a história dele, ou a história contada por eles.

Por aí não fica difícil entender tantas rivalidades e guerras sexistas que se travaram desde então. E se ainda levantam polêmicas como a declaração certeira da escritora britânica J.K.Rowling para o antigo twitter: "mulheres são as que menstruam", estamos realmente precisados de voltar alguns capítulos atrás para entendermos o termo Gaia, ou do que se trata gerar, criar, educar e como é constituída uma árvore genealógica. 

O próprio termo árvore, que vem do galego-português, àrbor, do latim arbos: 'elevado', nos convida a aprofundarmos em suas raízes, encararmos as sombras de sua grandiosa copa e deixarmos que a luz penetre por entre seus galhos e suas folhas para elucidarmos e elevarmos nossos pensamentos. Esta é, de fato, a verdadeira origem da Árvore de Natal, descobrirmos quem somos, de onde realmente viemos e qual o nosso propósito nesta dimensão.

Um Feliz Natal para vocês!


Tamburil, árvore símbolo do Instituto Inhotim, registrada em novembro/2009

Tamburil, registrado em julho/2019

1 Comentários:

Blogger Helena Vasconcelos disse...

Parabéns pelo texto. Adorei e você como sempre em cima do correto.

24 de dezembro de 2023 às 11:17  

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