domingo, 22 de janeiro de 2023

Canções para rejuvenescer

 "No presente a mente, o corpo é diferente

E o passado é uma roupa que não nos serve mais"

A canção "Velha Roupa Colorida" é um soco no estômago, um convite urgente para amadurecer, um novo olhar para as mudanças e a conformidade em saber envelhecer com sabedoria. Tão chocante como a atual vida no mundo da tecnologia, as palavras de Belchior são um choque de realidade para os iludidos de plantão, mas principalmente os que sofrem eternamente da síndrome de Peter Pan.

Precisamos rejuvenescer, mas não com cirurgia plástica. Uma tática do sistema para retardar nosso amadurecimento intelectual nos é apresentada através de uma falsa realidade, que aprisiona nosso senso crítico e anestesia nosso modus operandi em prol de uma ilusão virtual. Alguns não se contendo da ansiedade causada pela crença da vida perfeita nas redes sociais partem para o imediatismo e acreditam em seus milhões de seguidores à curto prazo. Mas há também aqueles que nem redes sociais arriscam fazer. Daí o reflexo polarizado de uma sociedade que simplesmente não sabe ou não quer amadurecer. Até a convivência em família vem ficando cada dia mais difícil. Aquela instituição que é o berço da nossa existência, da nossa estrutura emocional, a árvore firme para nossos galhos crescerem e multiplicarem, agora nem sombra fresca fornece mais aos nossos corações despedaçados. Famílias de direita adúlteras, famílias de esquerda racistas e vice-versa. É muita hipocrisia para pouca honestidade. Brigamos uns com os outros por causa de quase nada. Nos esquecemos da maravilha que era se sentar e escrever uma longa carta de amor ou ficar dias esperando que uma flor desabrochasse no jardim. 

Escutei um podcast sobre autoajuda onde o autor rebate o velho jargão do conflito humano: "o que todos querem é ser feliz, não é mesmo, mas como alcançar a felicidade? Eu tenho a solução". E como num passe de mágica ele conclue: "Para alcançar a felicidade devemos viver como nossos avós vivem. Com calma, sem pressa, com zelo, sem grandes expectativas no futuro, atenção plena, na escada, no afago do bichano, na casa limpa sem louça suja na pia, comer pouco, dormir e acordar cedo". Uma cena inesquecível do filme "Sete anos no Tibet" (1997) é quando o protagonista (Brad Pitt), para surpreender a mocinha, pega seu diário e começa a folheá-lo demonstrando seus troféus, atos de bravura e suas aventuras como um grande desbravador. Ela observa com desdém e dispara: "Então esta é outra grande diferença entre nossa civilização e a sua. Vocês admiram o homem que abre seu caminho ao topo à força. Nós admiramos o homem que renuncia à si mesmo. O tibetano comum não pensaria em buscar sucesso de modo agressivo". Alguma semelhança com nosso senhor Jesus Cristo, hein!?

"Envelhecer não é para maricas", disse Rita Lee. "Precisamos todos rejuvenescer", cantou Elis Regina. "Se os velhos não podem criar suas rugas, o novo já nasce velho", debochou em versos cantados Marcelo Falcão. "Pode falar, amigo, que eu nem ligo. Eu tô ficando velha. Eu tô ficando louca", confessou Malu Magalhães.


É isso aí, pessoal! 

Eu, minhas rugas e Brinco Papagaio

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Oiê, tudo bem?
Seu texto é expressivo, verdadeiro e muito atual nesse mundo cheio de falsas verdades.
Parabéns sempre, é muito prazeiroso ler seus textos.
Obrigado. Beijo.

24 de janeiro de 2023 às 16:09  
Blogger TatianadePoT | blogsPoT.com disse...

Sérgio, meu querido leitor, já estava sentindo falta de seus incentivantes comentários! Abs

24 de janeiro de 2023 às 16:17  

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