Alma Brasileira
Wet Tennis* é a sigla de “when everyone tries to evolve,
nothing negative is safe” (“quando todos tentam evoluir, nada de negativo
fica seguro,” na tradução livre). Essa foi a inspiração da dupla de gringos
Sofi Tukker, composta por um estadunidense e uma alemã que misturam
eletropop, bossa nova, samba e muita criatividade para criar uma positividade
contagiante em oposição a pandemia e os danos profissionais que sofreram pelo
cancelamento de shows e isolamento. Mas a dupla foi surpreendida pela comunidade
de fãs e a sigla pegou, como um mantra de esperança! O sucesso foi inevitável
como contam em recente entrevista à Revista Rolling Stones. A dupla confessa
que a paixão pelo Brasil foi um dos responsáveis pelas mais de 100 milhões de
reproduções no Spotify. O jogo de palavras em português, inglês, francês,
espanhol, portunhol que dão o tom da ginga musical da dupla gringa trazem uma
balada inclusiva que valoriza a cultura brasileira e engaja a nossa versão tupiniquim
num patamar internacional pop, para quem gosta ou não de samba!
O discurso vale para nova "Katia Flávia", Anitta, que articula bem com as
línguas (aqui em duplo sentido!). A garota do Rio e do museu de cera canta em idiomas diversos
e causa um o furor, querendo ou não as famílias de bem, recatadas, do lar, do
mar, do bar. Essa fórmula é muito difundida pela latina do pop, Shakira, que
sempre cantou em espanhol e inglês. Outro e mais novo fenômeno musical, que mistura hip hop coreano
com a balada pop do idioma inglês é a banda sul-coreana BTS –
Bangtan Boys, que acabou de anunciar uma pausa para atuarem em carreira solo. O sucesso fulminante e o atual resguardo da banda andrógena acaba de gerar uma queda na bolsa de valores.
Poderia ficar aqui citando tantos outros artistas que entenderam que uma língua só não faz verão, mas me atentarei à canção Brazilian Soul (para acessar a música clique no link e escute) de Sofi Tukker porque nenhum melhor que o Brazil para provar que essa mistura linguística tropical é ainda a mais calorosa de todas! A poesia cantada, articula uma brincadeira com as palavras e sugere um encantamento cultural, um ritmo afetivo, um berço natural do planeta da terra, da água doce, salgada, quente e querida, meu bem! Um jeitinho dengoso, elogioso e nostálgico de entender a diversidade de um país que vale por cinco. Nem preciso dizer que citar o termo capoeira já foi suficiente para ganhar minha atenção.
Ilustro o texto com o “Colar Maculelê”. Dança popular brasileira de origem
afro-indígena onde os participantes desferem uma dança-luta com bastões no
ritmo da música. Na África, segundo alguns historiadores os negros utilizam
pedaços de paus chamados leles. A rivalidade era intensa entre as duas tribos
rivais, os Macuas e os Malês. Os Malês diziam: “Vamos pegar os Macuas à lelês”.
“É pau, é pedra, é o fim do caminho/ É um resto de toco, é um pouco
sozinho”(Tom Jobim)
2 Comentários:
Amei!! Já baixei todas em minha playlist 🥰👏🏻👏🏻
Interessante , inteligente, inédito . Parabéns !!!!!Valorize sempre o inédito e incomum.
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