domingo, 6 de março de 2022

Tô de olho!

 Há um antigo ditado que diz: "ser mãe é padecer no Paraíso". 

O ditado é bem claro quando cita 'padecer' no sentido de 'sofrer'. Além da Árvore da Vida e do Conhecimento, há no Paraíso dois rios de lágrimas e tanques de roupas sujas para lavar. E não é só de stress físico que se padece, mas e principalmente, de mental. O filme "A filha perdida" (disponível na Netflix), inspirado no livro de Elena Ferrante, desmistifica a maternidade e expõe um ponto de vista dramático, tenso e quase sempre trágico.

Há um protocolo unanime em ser mãe, mas nem toda mulher está disposta a segui-lo. Somos frágeis, vulneráveis e erramos. Temos desejos incontroláveis e pagamos caro por isso. Quebrar protocolos nos levaram a ocupar importantes cargos, conquistarmos contas bancárias independentes, ousarmos nos decotes e medidas de silicone e adquirirmos o status de "poderosa". Mas... e quando assumimos a maternidade, qual a nossa prioridade real?

Assim como na Natureza, a fêmea se abstêm da própria comida para dar de comer ao filhote. Quando percebe que este não é forte o suficiente para sobreviver na cadeia alimentar ela o abandona ou mesmo o mata, sem remorso. É triste, mas é assim que funciona o mundo animal.  No mundo dos seres humanos, o historiador israelense, Yuval Harari disserta sobre a imaterialidade do dinheiro e define "money is spiritual". Defende a tese de que as relações são feitas através da confiança e o sistema monetário foi criado para validar esta relação de confiança. A relação entre mãe e filhos é mais ou menos assim. Validamos nossa confiança uns nos outros quando encontramos um sentido espiritual, metafísico que nos una e fortaleça nossas relações, nossa árvore da vida, nossa genealogia.

A máxima bíblica, derivada das antigas escrituras hinduístas, profetiza: "aceitar, entregar e confiar", lema diário do instinto materno de plantão. Priorizar este protocolo é o desafio maior da minha geração e das próximas que virão, porque as tentações, os desvios e as distrações estão cada vez mais agressivas e irresistíveis. Não percamos nossas crianças de vista, pois se a vigilia não se dá em tão terna idade, a conta com certeza chegará com multas para quitar.  Lugar de mãe é de olho nas crias! 



2 Comentários:

Blogger Helena Vasconcelos disse...

Parabéns querida Tati,vc está certíssima. Adorei o texto. Como sempre espetacular.

6 de março de 2022 às 11:16  
Blogger Unknown disse...

Você escreve divinamente bem !
E suas fotos fazem juz à sua beleza !

6 de março de 2022 às 18:41  

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