domingo, 11 de julho de 2021

Eternamente minimalista

 O conceito minimalista surgiu após extremos exageros de expressões artísticas da década de 50 como o Pop Art, o Conceitualismo, Fluxus, Arte Povera, Arte Performática e tudo mais que tivesse saido da zona de conforto dos suportes tradicionais. O mínimo é o máximo, foi um apelo à simplicidade das formas, da racionalidade na execução e a praticidade da natureza dos materiais industriais. Os norte-americanos, Donald Judd (1928-1994), Sol Lewitt (1928-2007), Robert Smithson (1938-1973) e Frank Stella (1936) são os maiores expoentes do Minimalismo, cuja atitude mais peculiar foi parar de darem títulos às suas obras:

"O objetivo era compelir o espectador a lidar com o objeto físico que tinha diante de si sem ser desviado pela personalidade do criador (...) pois os títulos poderiam distrair sua atenção". (Will Gombertz)

Até hoje alguns artistas contemporâneos passam despercebidos do porquê de não darem título às suas obras. O estilo foi aderido em muitas áreas distintas como na arquitetura, no design, na moda, mas principalmente como uma filosofia de vida. O slogan "menos é mais" se encaixa perfeitamente no modus vivendi de quem não quer ostentar, consumindo e usufruindo apenas do essencial. O minimalismo é algo muito complexo de ser alcançado! Influenciado pelo estilo construtivista, o qual buscava a linguagem universal para expressão artística, prezava também pela interação, passiva ou ativa, do espectador com a obra.

Em 1996, tive a oportunidade de visitar a 23ª Bienal Internacional de São Paulo, que teve como tema a "Desmaterialização da Arte". Uma formidável curadoria, cuja ideia pairava sobre o quanto nossa existência é perecível, mas eterna quando se cria uma boa ideia. O artista Sol Lewitt executou seis gigantescas pinturas nas paredes do último pavilhão com formas geométricas de estrelas coloridas, que foram apagadas ao findar do evento. O plano de pintura está arquivado e milimetricamente calculado, respeitando o tom, a disposição de todas as cores e formas. A ideia do artista continua viva e pode ser executada em qualquer lugar, novamente.

Lewitt denominou de "team" seus assitentes, pois para cada suntuosa produção ele contava com uma equipe e tinha a generosidade de deixar livre o plano de execução, caso alguma tonalidade da cor ou medida geométrica não seguisse à risca o projeto. Ele acreditava que seus assistentes também eram criadores e que esta interferência era importante, mesmo que mínima, no final da obra, porque a interatividade era um dos resultados para a sua total contemplação. O artista se sucumbiu ao modo minimalista de ser e suas ideias permaneceram eternas entre nós.  

Ilustra o texto obra de Sol Lewitt, da série cubos brancos, exposta do Metropolitan Museum, Nova Iorque e minha paródia visual com "Cubos Mágicos", em latão.





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