O artista da alma
O artista da
alma
Mais de mil palhaços no salão.
Arlequim está chorando pelo amor
da Colombina
No meio da multidão.” (Zé Keti)
Pagliàccio, do italiano, palhaço, nome do
tipo cômico do teatro tradicional. O personagem tinha esse nome por se vestir
com roupa bizarra, feita com o mesmo tecido listrado dos colchões de palha (paglia, em italiano). Há vertentes de que
este personagem exista a milênios antes de Cristo, quando os atores gregos
pintavam o rosto todo de branco e de preto, os olhos e a boca, para realçar mais
as expressões faciais, como alegria e tristeza. Existem ainda relatos de que os
palhaços, na Antiguidade, eram bobos da corte, que divertiam a realeza com suas
fanfarrices.
Famoso
pela arte de fazer rir, o palhaço não só interpreta um personagem cômico, como
também é um ator múltiplo. Entre malabarismos, acrobacias, adestramento de
animais e instrumentista, ele se multiplica para cumprir todas essas funções e,
por fim, exercer a sua. Tanto dom para alegrar, ele o também tem para fazer
chorar, seja pelo jeito carente e imprevisível, ou pela mórbida e obscura
maquiagem. Sim, ele é um legítimo ser humano! Vaga entre a poesia e a
realidade, “(...), se mostrando feio e belo, revelando esse caráter próprio do
ser humano, que é ser plural!”
A frase é do ator e diretor,
Selton Melo em depoimento no making of do seu longa, O Palhaço, de 2011. Numa comovente história sobre a relação entre pai
e filho, Melo representa este personagem com alma e grande sensibilidade. O
desenhista mineiro e fera em stop motion,
Conrado Almada foi o encarregado pela parte de animação, onde retratou todo
elenco, inclusive os protagonistas Pangaré (Selton Melo) e Manga Larga (Paulo
José).
O
registro do artista e fotógrafo goiano, Vinícius de Castro (in memoriam), transita por entre as
adversidades do carnaval contemporâneo. Utilizando
a fotografia como suporte artístico, a imagem revela entre confetes,
serpentinas, piercings, um charuto na
boca e uma garrafa na mão, não obstante um olhar de ira ou dor.
O artista e grafiteiro goiano,
WÉS também tem sua versão. Tanto em grafites, quanto nos desenhos em nanquim,
este personagem está presente em grande parte de sua produção artística. Abusando
de temas regionalistas e do folclore, seu trabalho traz a grotesca situação
brasileira à tona: Preciso ser? Ser
palhaço? Também revela seu gosto pelo personagem e desabafa: “É o cara que pinta a cara conforme a
situação”.
O
palhaço não faz nada mais que parodiar a natureza do ser humano. Andar na corda
bamba, ridicularizar ou rir do próximo ou de si mesmo, tentar tirar vantagem de
tudo ou quase tudo, ou simplesmente pensar, agir e brincar como uma criança. Assim
vaga a alma deste ser plural, contagiando a alegria e despertando um misterioso
carisma e certo grau de rejeição! Salve, salve a imperfeição!
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